Capital inicial faz show no Qualistage, neste sábado (31)Fernando Schlaepfer / Divulgação
Dinho Ouro Preto fala sobre show do Capital Inicial no Rio e descarta aposentadoria
Banda se apresenta, neste sábado (31), na Zona Oeste, e promete empolgar o público ao som de inúmeros hits
Rio - Com ingressos esgotados, o Capital Inicial sobe ao palco do Qualistage, na Zona Oeste, neste sábado (31), para comemorar os 25 anos do emblemático álbum "Capital Inicial Acústico MTV", em formato intimista. Vocalista da banda, Dinho Ouro Preto diz que passa um filme na cabeça durante as apresentações desta turnê e lembra uma situação curiosa, nesta mesma casa de shows carioca, há anos.
O cantor relata que sentiu medo ao ouvir o barulho que a plateia fazia antes do show. "A gente nunca tinha tocado para tanta gente. Um show só nosso... Lembro daquele barulho ensurdecedor e de eu ficar apavorado. Ficava: 'Caraca, o que é isso? Meu Deus'. Me dava medo. Ficava realmente intimidado", recorda o artista, que recebeu um conselho de Kiko Zambianchi (violão e backing vocal).
"Ele virou para mim e falou assim: 'Imagina como seria um show ideal, como seria para você um show perfeito, a reação das pessoas do modo como você mais gostaria. E é assim que vai ser. Falei: "Ok, Kiko, então tá, eu não sou muito esotérico nem nada, mas vou tentar a sua seguir o seu conselho. Fiz, e, de fato, funcionou", comenta.
Atualmente, o medo deu lugar a uma grande emoção. "Me vem lágrimas aos olhos, de ver um álbum que envelheceu tão bem. As pessoas cantam de cabo a rabo. O disco ainda encontra ressonância tamanha. Quando a gente começou, lá atrás em Brasília, o propósito não era esse de sermos profissionais, de vender muitos discos. A ideia era diversão. Ninguém pensava em gravar, sequer. Mas uma vez gravado, ver suas músicas tendo significado, você se sente recompensado".
As canções do "Acústico MTV" foram escolhidas de maneira que remetessem às origens da banda - após a volta de Dinho - que ficou cinco anos afastado - ao grupo em 1998, sendo apenas duas delas inéditas: "Natasha", "Tudo Que Vai", além de uma versão de "Primeiros Erros" de Kiko. Décadas depois, as músicas continuam 'atuais' e bem acessadas nas plataformas digitais.
Dinho, então, opina sobre a atemporalidade desses hits. "Acho que havia um recado a ser dado, sabe? E que encontra ressonância até hoje. Não estou dizendo só do Capital, acho que isso vale para a Legião, Engenheiros, Cazuza, Titãs. As pessoas leem os textos e veem significado naquilo até hoje. Elas se veem ali. Quando essas músicas todas estavam sendo compostas, era o dia a dia da nossa vida, do nosso país, os nosso anseios, angústias, esperanças. O tempo e essas coisas talvez sejam universais, e elas tenham continuado inalteradas. Os brasileiros continuam se sentindo assim, talvez seja uma coisa universal, e que passado o tempo nada mudou. São sentimentos e emoções universais, atemporais".
Com a passagem do tempo, o público do Capital se renovou. O artista conta que muitas crianças estão indo às apresentações desta turnê. Avistadas pelo artista, elas ainda ganham um presente para lá de especial. "Todas as que estão perto de mim, na minha frente, dou uma palheta. É muito maneiro, as crianças ficam nas nuvens. E aí começam a surgir um monte de mãozinhas. Os pais tem levado os pequenos. Na verdade, a gente tem visto de tudo. Crianças, gente mais velha, não tem mais uma faixa etária".
Entretanto, no palco, o cantor de 61 anos parece o mesmo jovem de 19 que iniciou na banda. Cheio de energia, canta, pula e interage com o público. "Meu exemplo é o Ney Matogrosso e o Mick Jagger. Acho que você tem que fazer o que eles ambos fazem, - o que eu leio o que eles fazem. Você tem que cuidar da dieta, beber moderadamente, praticar esporte e não fumar... E fora isso, sentir prazer em estar ali, estar entusiasmado", diz Dinho, que também atribuiu sua boa condição física à prática da corrida.
"Comecei a levar a sério. Fiz há dois anos duas meia-maratonas, esse ano - infelizmente - me machuquei, tive duas contraturas na panturrilha, tive que interromper, me recuperar, é um processo longo. Você perde muito da sua forma física, precisa lentamente ir recuperando o fôlego. É um perrengue, uma chateação, mas você tem que estar super determinado. Para mim, a corrida é uma coisa a terapêutica, quase meditativa. Onde realmente me desligo de problemas, de qualquer interação exterior. A única coisa que me concentro é no meu coração e na minha respiração. Tem esse efeito quase quase espiritual. Me faz bem".
Entre as músicas do álbum de sucesso, Dinho destaca 'Fátima'. "Os shows nunca são iguais. Então, cada vez, 'Fátima' parece que é interpretada de um modo ligeiramente diferente. Gosto muito dela. Gosto de Natasha... Essas são umas duas que destaco, mas gosto do álbum inteiro".
E para os fãs do Capital Inicial, tem novidade vindo por aí: "A gente vai lançar um EP semi-acústico, no segundo semestre, com cinco músicas, algumas no violão e outras não. Porque faz tempo demais que o Capital não lança", adianta Dinho. "A gente tá ensaiando durante a semana, tocando durante o fim de semana. A partir de semana que vem, a gente grava essas músicas", completa.
Aposentadoria? Isso está fora dos planos do cantor, com 42 anos de carreira. "Não sei fazer mais nada, e ainda me dá muito prazer. O perrengue de uma carreira artística são as viagens, os translados, noites mal dormidas, essa vida nômade que a gente leva. Mas a hora que você pisa no palco, é pura alegria. A coisa que eu mais gosto de fazer na vida. Não pretendo parar".