Imagem de divulgação do filme "Manhãs de Setembro"Reprodução/Prime Video

Por Estadão Conteúdo │ Bárbara Correa*
São Paulo - Nesta sexta-feira, estreia a série "Manhãs de Setembro", na Amazon Prime Video. A produção conta com a cantora Liniker como protagonista, pela primeira vez no streaming. Com cinco episódios de 30 minutos, a primeira temporada do seriado brasileiro mostra a trajetória de Cassandra, a personagem principal que começa a ver as coisas finalmente dando certo em sua vida.
Ela consegue alugar um apartamento próprio pela primeira vez, tem um namorado que a ama, Ivaldo, interpretado por Thomás Aquino, além de um trabalho como motogirl no centro de São Paulo Ela também está conseguindo realizar o sonho de ser uma artista cover de Vanusa, quando sua vida toma um rumo inesperado: Leide, personagem de Karine Teles, com quem ela teve um envolvimento no passado, aparece com Gersinho, interpretado por Gustavo Coelho, que ela afirma ser filho de Cassandra.
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Em coletiva de imprensa, Liniker falou sobre a importância de sua protagonista representar a vivência de uma travesti para além da temática de identificação de gênero ou transfobia.
Representatividade
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"Criar uma personagem sob o ponto de vista do afeto foi uma das coisas que mais me emocionou. A Cassandra não estava nesse lugar encaixotado que muitas narrativas cinematográficas colocam pessoas trans. Sempre sobre situações de perigo, violência, com um olhar muito marginalizado. A gente poder ver uma personagem que tem uma casa e é uma travesti já significa muito", explicou.
Manhãs de Setembro possui o roteiro de Josefina Trotta, Alice Marcone e Marcelo Montenegro. Sobre Cassandra, Alice afirma que para ela, enquanto uma mulher trans, a personagem é essencial para que mais pessoas se vejam refletidas nessa narrativa de autonomia e esperança.
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"Precisamos pensar que a vida de uma pessoa trans não acaba quando ela termina a transição. Na verdade, começa ali. Não é reduzida a procedimentos cirúrgicos, burocráticos e jurídicos. A gente tem afeto, né? Então, para uma personagem complexa como ela, precisamos pensar num namorado, num filho, nas amigas, na chefe e na ídola (sic). Tudo isso compõe uma protagonista de uma série de drama", afirma.
O diretor Luis Pinheiro revelou que, apesar da capital paulista também ter grande protagonismo no seriado e não ser somente o cenário da série, a trama acabou sendo gravada, em Montevidéu, no Uruguai.
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"A história se passa no centro de São Paulo, em prédios superpopulosos, na multiplicidade de imigrantes na região, mas, com a pandemia, isso não era tão viável. Quando veio a possibilidade de filmar no Uruguai, eu aceitei", disse.
"Percebi que ali cabiam várias cidades a serem retratadas. Filmamos sem ficar procurando São Paulo por lá, mas sim buscando o que fosse belo e pertinente para as cenas. Na edição, trocamos frases e placas, mas só fizemos duas diárias aqui e todo o resto foi em Montevidéu", afirmou.
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Vanusa e Liniker
"A Vanusa não é só uma cantora pra Cassandra, é um porto seguro e uma bússola. Então, acho que a personagem cria uma relação bastante familiar com a ídola. A Vanusa dá colo para ela", diz Liniker sobre a relação da protagonista com a a figura venerada na série.
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A atriz afirmou ainda que no dia da morte da cantora, 8 de novembro de 2020, ela estava gravando a série. Para ela, foi difícil receber a notícia enquanto estava no set de filmagem, porém isso a fez se conectar ainda mais com a importância que a artista tinha para sua personagem.
Liniker também falou sobre o que essa experiência agregou em sua vida pessoal. "A Cassandra certamente me trouxe coragem para coisas pequenas, de ir para frente e de demarcar o meu espaço. É muito fácil a gente se dar por vencido com tudo que a sociedade nos obriga a fazer e, às vezes, acabamos perdendo o desejo. Então, acho que ela me ensinou a desejar como há muito tempo eu não desejava", concluiu.
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* Estagiária sob supervisão de Charlise Morais