Vera (Drica Moraes)João Cotta/ TV Globo

As séries que retratam o dia a dia de médicos e pacientes em hospitais ganharam o gosto do público em todo o mundo, e aqui no Brasil não foi diferente. Prova disso é que “Sob Pressão” estreia a quarta temporada, nesta quinta-feira, 12, logo após a reprise de “Império”, na Globo.


Na nova temporada, que contará com 11 episódios, após enfrentarem os desafios da luta contra a pandemia do coronavírus, Evandro (Julio Andrade), Carolina (Marjorie Estiano), Décio (Bruno Garcia), Charles (Pablo Sanábio), Vera (Drica Moraes), Mauro (David Junior), Gustavo (Marcelo Batista), Keiko (Julia Shimura) e Rosa (Josie Antelo) vão para um hospital grande do Rio de Janeiro e têm pela frente os problemas da saúde pública, bem conhecidos pela população.

“É uma série que a gente tenta colocar temas relevantes quase em todas as temporadas. Essa quarta temporada foi pensada antes da pandemia do coronavírus, e nós fizemos algumas adaptações no roteiro para que ela ficasse bem atual. A gente precisa voltar a esses assuntos e a gente precisa ter perspectivas diferentes em cada um deles. Existe um descompasso nas esferas que afetam pacientes e médicos. Nosso desejo é que a temporada traga esperança. A gente queria que a esperança fosse o motor, tanto nos relacionamentos entre os personagens, quanto na vida e na melhora da saúde pública”, explica o roteirista Lucas Paraizo.
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Contexto pandêmico
Mesmo que o tema da pandemia não seja mais o assunto central da trama, ele é pano de fundo ao longo da série. Para além das câmeras, os atores tiveram que gravar a nova temporada sob todos os cuidados para evitar a contaminação entre a equipe.

“Essa sensação de tensão o tempo todo, porque a gente filmou com a vacinação muito atrasada, o medo real de contágio, de ficar doente, a gente estava impregnado dessa nuvem. Do mistério desse vírus, isso nos deu um peso maior na relação com os personagens. Os casos dos pacientes eram uma sociedade adoecida na perspectiva de cura, na esperança, politicamente, como projeto de saúde, então a gente tremia, literalmente, o tempo todo. Tem a esperança, mas tem essa dor de estar aqui de novo falando a mesma coisa num país que não se modifica na sua base, nas suas questões essenciais”, desabafa Drica Moraes.

“É muito importante para os atores se abraçarem, se sentirem, para estabelecer uma conexão com um colega de cena. Abrir mão dessa fisicalidade é um esforço a mais para conseguir suprir essa conexão. A pandemia veio sobrecarregar muita coisa, mas o ‘Sob Pressão’ traz o que é realmente essencial, quais são os valores de fato. Esse limite de vida e morte. E entrar em contato com realidades diferentes da nossa é um exercício de colocar o pé no chão e reavaliar os seus valores”, complementa Marjorie Estiano.

“A gente vive se aliviando”

Vera, a personagem vivida por Drica, também terá seu dilema pessoal para lidar. Em casa, a médica encara o desafio de se reaproximar do filho, Leonardo (João Vitor Silva). Focado em passar no vestibular em Medicina, o rapaz faz uso de medicamentos controlados para melhorar a concentração. Ao descobrir, a tensão entre mãe e filho aumenta.

“Essa coisa de ter um filho como protagonista da vida também é muito meu. No caso da ficção o filho também é um entorpecido. Isso traz uma outra perturbação: essa confirmação de que ninguém escapa. A gente vive se aliviando, se agitando a base de alguma droga, seja cigarro, álcool, drogas ilícitas, medicamentos. Sempre tem algum jeito. É um debate muito forte”, pontua Drica, que completa: “Apesar de tudo, é uma gratificação enorme ter terminado tão lindamente essa quarta temporada”. E, por falar em quarta temporada, um spoiler: a quinta já está confirmada.
Temas reais
Dentre os assuntos que serão abordados nessa nova temporada, as questões sociais chegam muito forte ao longo dos episódios. Temas como uso indevido de medicamentos, HIV na terceira idade, aborto e racismo ocuparão os corredores do hospital fictício Edith de Magalhães. Para isso, a série contará com as participações especiais de Ary Fontoura e Arlete Salles.

“Quando estávamos fazendo o roteiro, tinha aumentado em 600% o HIV na terceira idade. Essa era uma maneira de trazer o assunto sob uma nova ótica”, explica Lucas.

Além disso, outros casos serão inspirados em fatos reais, como a história de um homem em situação de rua que esfaqueia um motorista em um carro. Essa cena abrirá a série e foi baseada em um caso que aconteceu em 2019, na Lagoa, Zona Sul do Rio.