Igor Fernandez integra série ’Máscaras de Oxigênio (não) Cairão Automaticamente’Divulgação/André Nicolau
Em série, Igor Fernandez dá voz a geração silenciada pelo HIV nos anos 80
Ator interpreta jogador de futebol que vive relação homoafetiva em 'Máscaras de Oxigênio (não) Cairão Automaticamente', da HBO Max
Rio - Em meio à delicada narrativa sobre a epidemia de AIDS no Brasil nos anos 1980, Igor Fernandez faz sua estreia no streaming na série "Máscaras de Oxigênio (não) Cairão Automaticamente", da HBO Max. A história acompanha a mobilização de comissários de bordo para transportar o AZT — medicamento que ajudava a salvar vidas em um período marcado pelo preconceito. Os episódios são lançados semanalmente na plataforma desde a estreia no dia 31 de agosto.
O artista reconhece a importância de dar vida a uma história sensível. "Eu me senti privilegiado em ter essa responsabilidade. Como ator, quanto mais desafiador e relevante o projeto, mais energia ele nos dá para realizar e quando esse trabalho une o social e o humano, aí é uma combinação perfeita. Ao tratar um tema crucial de saúde pública, consegue levar informação a um público muito maior por meio de uma história bem contada e interpretada", reflete.
Na trama, Igor interpreta Caio, um jogador de futebol que vive um romance escondido com Fernando, personagem de Johnny Massaro. A complexidade é percebida na presença dele em um ambiente altamente conservador e machista.
"Era um turbilhão de emoções pensar num homem gay nos anos 80 dividido entre a paixão pelo futebol e por outro homem, dentro de um esporte que era preconceituoso, principalmente naquela época. E somar isso, que já é bastante coisa, a uma epidemia cruelmente atribuída à comunidade LGBT. São temas complexos que colidem e transformam a mente do personagem em um pavio prestes a explodir", conta o ator.
As cenas de intimidade entre Caio e Fernando também ganham destaque pela forma cuidadosa com que foram preparadas para retratar um momento romântico dentro do contexto em que a série é ambientada. "Todos os movimentos que aparecem na tela foram coreografados antes, e isso tornou as gravações até mais práticas porque já sabíamos o que fazer. Decidíamos juntos o que cabia ou não, sempre com o objetivo de narrar uma história em que a relação sexual desempenha um papel essencial nesse processo de causa e efeito sobre o tema da epidemia de HIV/AIDS."
"Máscaras de Oxigênio (não) Cairão Automaticamente" também propõe um olhar atento sobre questões ainda urgentes, como o acesso à saúde pública e o estigma em torno do HIV. Para Igor, a série tem um papel importante no estímulo ao debate e na conscientização do público.
"A mídia, seja impressa ou digital, tem um papel central na formação da opinião pública. Nos anos 80, vimos como a irresponsabilidade de parte da mídia, com informações exageradas e tendenciosas, espalhou medo e custou muitas vidas. Tivemos outro exemplo durante a pandemia de COVID-19 de como a desinformação e as fake news podem agravar uma crise. Nossa série busca justamente ser uma fonte de informação responsável, carregada também de um tom importante de esperança", diz o artista.
O trabalho exigiu uma imersão profunda em um período marcado por grandes transformações sociais, políticas e culturais. "A gente mergulhou em artistas da época como as músicas de Cazuza e Marina Lima, as poesias de Caio Fernando Abreu, as artes plásticas de Leonilson... Inclusive, alguns deles tinham trabalhos que dialogavam com a epidemia e, através de suas obras, transmitiam para gente a energia de uma sociedade marcada por medo, resistência e ao mesmo tempo um desejo de transformação".
Carreira
Igor Fernandez ganhou destaque na televisão brasileira a partir de 2019, com sua estreia na novela "Bom Sucesso", da TV Globo. Desde então, acumulou participações importantes em produções como "Sob Pressão" (2021) e "Cara e Coragem" (2022).
"Desde o início eu sabia que queria contar boas histórias e ser um artista reconhecido por colaborar com a sociedade através da minha arte, mesmo sabendo que não seria um caminho fácil. Trabalhar em projetos dirigidos por grandes referências do audiovisual brasileiro funciona como uma mola propulsora para ir ainda mais longe", afirma.
O ator ressalta a importância de reconhecer cada etapa da trajetória como forma de manter a motivação e o compromisso com o audiovisual. "Esse exercício de comemorar sempre me inspira a seguir adiante, com a responsabilidade e a vontade de ser mais um ator brasileiro comprometido e que pretende elevar o nome do país através do meu trabalho".
O artista se prepara para novos projetos importantes, como a série "Os Donos do Jogo" (Netflix), o longa "Bom Retorno" e um filme dirigido por Fernando Meirelles. "Todos são trabalhos de peso, com nomes importantes do audiovisual brasileiro, como os diretores Heitor Dhalia e Breno Alvarenga, que me deu a oportunidade de rodar meu primeiro longa no meu estado, Minas Gerais, onde também assumi meu primeiro protagonismo no cinema", celebra.
O artista destaca a força do cinema em revelar a diversidade cultural do país. "O que une todos esses projetos que estão por vir é o compromisso coletivo, são equipes dedicadas, já reconhecidas por grandes produções, que trabalham com seriedade para fortalecer e elevar o audiovisual brasileiro", completa.
Com o desejo constante por desafios, Igor revela sua vontade de seguir em busca de trabalhos artísticos que o façam crescer no ofício. "Desde criança, quando a atuação passou a fazer parte do meu dia a dia, percebi que os projetos mais excitantes eram justamente aqueles que me faziam quebrar a cabeça de tanto estudar. E é nesse caminho que quero permanecer, buscando projetos cada vez maiores, alguns dos quais eu não consiga nem imaginar a dimensão hoje, mas que sei que meu amor pela profissão e minha dedicação vão me permitir enfrentar", declara.


