A apresentadora Silvia Abravanel@sergiocyrillo / Revista Portfólio

Rio – Silvia Abravanel, 54 anos, é um dos poucos nomes que se mantêm no ar há anos na grade infantil do SBT, única emissora que ainda dedica um espaço em sua programação para o público infantil na TV aberta. No Dia das Crianças, celebrado neste domingo (12), a apresentadora do "Sábado Animado" falou sobre a emoção de trabalhar com esse público e como foi voltar ao "Bom Dia & Cia", em uma edição especial exibida neste sábado (11).
Na entrevista, Silvinha, como é carinhosamente chamada no SBT, pela família e pelos fãs, conta que “caiu de paraquedas” ao apresentar o "Bom Dia & Cia" em 2015, quando os apresentadores Matheus Ueta e Ana Júlia foram afastados pelo Ministério Público.

“Em princípio, seriam quinze dias, o que foi feito. A direção do SBT me deu uma folguinha de uma semana, porém, durante esse tempo, eles me ligaram falando que muitas pessoas estavam ligando para o SBT, mandando e-mails e telegramas pedindo que eu voltasse à apresentação do "Bom Dia & Cia". Foi um grato presente de Deus, pois ali vi que havia conquistado o meu espaço na parte infantil da televisão”, recorda.

Ela ainda destacou a importância do pai, o apresentador Silvio Santos (1930–2024), em sua carreira, relembrou momentos de menina quando o via comandar o "Domingo no Parque"e listou o que aprendeu com o dono do SBT.

“Os principais aprendizados do meu paizinho amado são que todos nós somos iguais e devemos respeitar o próximo como nos respeitamos a nós mesmos”, destaca.

Silvia se casou em abril deste ano com o cantor sertanejo Gustavo Moura e falou ainda sobre a vida a dois, planos de aumentar a família e sua relação com as filhas Luana Abravanel, de 27 anos, e Amanda Abravanel, de 20.

1. Como foi voltar ao Bom Dia & Cia e reviver esse momento numa data especial como o Dia das Crianças?

Quando recebi a mensagem do meu diretor dizendo que eu iria apresentar o "Bom Dia & Cia" especial do Dia das Crianças, tive “900 tipos de emoções” dentro de mim, por todo o meu histórico com esse programa. Todos os melhores momentos — os mais engraçados, os mais emocionantes — aconteceram lá. Meu envolvimento vem desde quando era diretora de todas as crianças que o apresentaram até o último dia do programa. Mas confesso que tive borboletas no estômago de medo, muita gratidão e alegria. Foi emoção demais.

2. Como surgiu seu interesse pelo universo infantil? Desde o início foi um desejo seu trabalhar com esse público ou foi um conselho do seu pai?

Sou mãe, sempre amei crianças. Ajudava, nas viagens em família, minha mãe Íris (Abravanel) a cuidar das minhas irmãs mais novas, Rebeca e Renata, e as deixava impecáveis — bem vestidas, limpinhas, com as coisas arrumadinhas. Eram minhas bonecas de verdade, criadas com muito amor e carinho.

Entrei de paraquedas para apresentar o "Bom Dia & Cia" em 2015, quando os apresentadores Matheus Ueta e Ana Júlia foram proibidos pelo Ministério Público. A princípio, seriam 15 dias, o que foi feito. A direção do SBT me deu uma folguinha de uma semana, porém, durante esse tempo, eles me ligaram dizendo que muitas pessoas estavam pedindo meu retorno. Foi um presente de Deus, pois ali percebi que havia conquistado meu espaço na televisão infantil. Quando falo “direção do SBT”, leia-se meu pai — que sempre me deu grandes e gratas oportunidades para testar meu profissionalismo. E ele acertou mais uma vez. Muito obrigada por isso.

3. O que mais te encanta em trabalhar com crianças?

O universo infantil é simplesmente incrível, repleto de emoções e aprendizados. Descubro com cada criança novas experiências, seja durante as brincadeiras, seja quando me abordam nos lugares que frequento, me “entrevistando” com curiosidades sobre o meu mundo. O mundo infantil é divertido, dinâmico e mágico — cheio de cor e de perguntas. Quem não tem raciocínio rápido passa carão (risos), porque eles são muito curiosos e querem entender tudo. Amo demais.

4. E como é a experiência de comandar o "Sábado Animado"? Qual é o principal diferencial do programa?

O "Sábado Animado" é meu bebê, meu terceiro filho, que cuido com o maior amor e carinho do universo. Chamo as 42 pessoas que trabalham comigo de “família” e quero sempre o melhor para quem nos assiste.

Meu figurino é pensado como se eu estivesse indo para uma grande festa, o cenário é lúdico e lindo, para despertar aquele gostinho de querer estar ali. As atrações são voltadas para as crianças e suas famílias e, mesmo que as brincadeiras sejam as mesmas, as tornamos sempre divertidas. Os prêmios na roleta deixam os olhinhos delas brilhando — e muitas vezes, emocionadas.

5. Ter um programa infantil em canal aberto já é um grande diferencial. Por que você acha que as emissoras tiraram essa programação do ar e qual é a importância de mantê-la?

Logo que comecei a apresentar o "Bom Dia & Cia", soube que, em um café da manhã de uma emissora, diretores comentaram que o programa, mesmo sem tecnologia, com cenário simples e uma apresentadora adulta, conseguia muitas vezes bater a audiência de programas de variedades.

Com a proibição de merchandising por uma organização filantrópica familiar, as emissoras pararam de lucrar com programas infantis, tornando-os menos atrativos.

Meu pai sempre dizia que, por mais que surgissem tecnologias e programas modernos, o SBT jamais tiraria a programação infantil do ar, pois muitas famílias não tinham acesso a canais fechados. Ele acreditava que as crianças mereciam ter desenhos e brincadeiras educativas para assistir. É um presente para elas.

6. Você tem vontade de comandar alguma atração aos domingos, como a Patrícia faz?

Fui convidada para fazer matérias e documentários com artistas do passado e atuais para o SBT Repórter, o que me deixou muito feliz, pois estão me permitindo mostrar um lado mais adulto da Silvia. Isso soma ao meu profissional e vai ao ar às sextas-feiras, em horário nobre, em rede nacional — o que já me deixa muito satisfeita.

7. Quando falamos em infância e Silvio Santos, qual é o programa que mais te traz lembranças?

Eu amava ver meu pai apresentar o "Domingo no Parque". Foi o primeiro programa em que trabalhei, quando ele me levou para iniciar minha vida profissional na TV — antes mesmo da faculdade. Também trabalhei no "Qual É a Música?", onde me tornei redatora. E um programa que achava uma fofura era o "Boa Noite, Cinderela", do qual participei aos quatro anos de idade. Bem que podiam voltar com ele e me colocar como apresentadora, né? Seria um sonho!

8. E como foi crescer nos bastidores do SBT? Tem alguma lembrança de sonho realizado?

Quando era mais nova, com 12 ou 13 anos, meu pai não permitia que eu fosse à TV, então eu não frequentava muito os bastidores. Já com 16, quando comecei a trabalhar com ele, tive uma visão incrível desse universo — vasto em oportunidades e aprendizado.

Queria aprender tudo, perguntava sobre tudo. Era uma adolescente curiosa, interessada em adquirir o máximo de conhecimento. Assim eram minhas férias: quando não viajava, ia para o SBT.

Ali vivi as melhores lembranças, pois via o outro lado da TV — a produção de um programa, os roteiros, a montagem de cenários, os artistas convidados, tudo até ir ao ar. Era mágico e muito interessante. Realizei um sonho de menina.

9. Quais foram os principais aprendizados do seu pai que você leva para a vida?

Os principais aprendizados do meu paizinho amado são: que todos somos iguais e devemos respeitar o próximo; que é preciso falar a verdade, por pior que seja; e que a honestidade é sempre o melhor caminho.

Ele me ensinou a olhar nos olhos das pessoas, a ser digna e correta, a honrar os filhos para que nunca sintam vergonha da mãe. Também me ensinou a gratidão — pelas bênçãos de Deus e pelas pessoas.

Meu pai valorizava todos, do faxineiro ao executivo, cumprimentando-os pelo nome. As pessoas se sentiam vistas e valorizadas. Era lindo de ver.

E o principal: viver segundo os princípios e as leis de Deus, sendo exemplo para os outros. Sou grata por ter recebido essa educação.

10. Como está a vida de recém-casada? O que vocês mais gostam de fazer a dois?

Uma delícia! Gustavo é um ser humano incrível — completo, como eu pedia a Deus em oração. É amigo, parceiro, companheiro, ótimo namorado, charmoso, divertido, inteligente… um homem à moda antiga, graças a Deus. Sorte grande na minha vida.

Amamos, quando as agendas coincidem, ir para o nosso haras — nosso paraíso particular. Gostamos de andar a cavalo até um pesqueiro para comer um peixinho, reunir os filhos, a família e os amigos para um churrasco, ouvir moda de viola, vê-lo cantar, assistir a filmes e séries de suspense e namorar bastante.

11. Como é a Silvia mãe? Conte um pouco sobre sua relação com as filhas.

Sou ariana (risos) — por aí já respondi 50% da pergunta. Sou enérgica. Apesar de ter duas filhas de universos diferentes, criei ambas com a mesma educação que recebi do meu pai: com rédeas curtas, mas asas fortes para voar com responsabilidade e sabedoria, sempre sabendo que teriam para onde voltar.

Sou extremamente carinhosa, amorosa, gosto de mimar minhas filhas, que sempre serão minhas bebês. Sigo os mandamentos e as leis de Deus, e nunca deixo de dar boa-noite a elas nos quartos.

Para a Luana, digo: “Dorme com Deus” — e ela responde “Amém”. Para a Amanda, lembro: “Não se esqueça de agradecer pelas bênçãos e pelos livramentos, e de orar”.

12. Aumentar a família está nos seus planos?

Eu e o Gustavo já falamos algumas vezes sobre ter mais um filho — que até já tem nome: Samuel. Mas, pela minha idade e por já ter tido embolia pulmonar de causa desconhecida, seria uma gravidez de risco e precisaria ser assistida. Estamos analisando com calma, mas não descartamos esse sonho — inclusive o de adotar um anjo, se Deus assim quiser.