Gerluce (Sophie Charlote), Ligia (Dira Paes) e Joélly (Alana Cabral) em ’Três Graças’TV Globo/ Estevam Avellar

Rio - Com temas como gravidez na adolescência, maternidade solo e corrupção, "Três Graças", novela das 21h, estreia nesta segunda-feira (20), na TV Globo, substituindo o sucesso “Vale Tudo”. Criado e escrito pelo trio Aguinaldo Silva, Virgílio Silva e Zé Dassilva, o folhetim tem como trama principal a história da família de sobrenome Maria das Graças, formada por Gerluce (Sophie Charlotte), Lígia (Dira Paes), e Joélly (Alana Cabral), mãe, avó e filha.
Além de dividir o sobrenome, as três Graças enfrentam o mesmo destino: a gravidez solo na adolescência. Enquanto Lígia encarou de cabeça erguida os desafios de criar a filha sem o apoio de Joaquim (Marcos Palmeira), Gerluce se deixou levar pelo charme de Jorginho Ninja (Juliano Cazarré), antigo chefe da facção criminosa da Chacrinha, e teve Joélly.
"A trama fala de três mulheres que foram mães muito cedo, aos 15 anos, não tiveram apoio dos pais das crianças, foram à luta e passaram por situações extremas. Mas levam uma vida muito parecida com a vida dos nossos espectadores. Ou seja, elas batalham, são otimistas, têm fé no futuro e se envolvem com histórias típicas de um folhetim. É uma ficção que tem o privilégio de poder se inspirar na realidade", define Aguinaldo Silva.
Com a chegada da adolescência de Joélly, a maior obsessão da vida de Gerluce é impedir que a filha repita a sina da mãe e da avó e também se torne mãe solo. Porém, aos 15 anos, a jovem tem a gravidez confirmada logo no início da história.

"Eu estava interessada em contar justamente uma dessas histórias que merecem ser contadas, de uma mulher exatamente como é a Gerluce. Fiquei totalmente fascinada e mergulhada, tentando entender como que eu ia dar conta de uma personagem que ao mesmo tempo está nesse lugar de perceber essa engrenagem, essas desigualdades. Ser atropelada todos os dias pelos acontecimentos, que nem sempre são fáceis, mas, ao mesmo tempo, manter essa esperança, essa força, essa alegria vital que é uma característica do nosso povo brasileiro", celebra Sophie.

Matriarca da família, além de ter passado por uma gravidez na adolescência e ter criado a filha sozinha, Lígia agora enfrenta um problema de saúde. Devido a uma doença pulmonar grave, ela precisa se afastar do trabalho como cuidadora de Josefa (Arlete Salles), mãe de Arminda (Grazi Massafera), e é substituída por Gerluce.

"Eu vejo a Lígia como uma mulher muito corajosa, como o esteio dessa família. E vejo isso refletido na sociedade como um todo. Lígia está num momento tão limítrofe… alguém que já foi tão potente quanto a filha, se vê num sentimento tão contrário ela, que é aquela pessoa que parece estar inútil. Esse lugar, de quem estava na ativa, na liderança e tão cedo tem que abdicar de tudo isso por conta da saúde… Esse é um dilema de muita gente. Eu espero trazer essas reflexões e essa insistência de querer que as coisas deem certo", afirma Dira Paes.

Mesmo com os esforços da mãe, Joélly acaba seguindo o mesmo destino da família. Já que Gerluce nunca contou quem era o pai dela, a jovem de personalidade forte resolve esconder que engravidou de Raul (Paulo Mendes). Filho de Arminda, o rapaz rico passou a frequentar a Chacrinha em busca de drogas.

"A Joélly é muito romântica. Ela é muito esperançosa e esse abandono paternal faz ela encontrar no Raul um amor de Romeu e Julieta. Ela ama o Raul e adora estar com ele, mas eu acho que essa falta de ter um pai, de ter uma figura paterna dentro de casa, faz ela ficar muito presa a essa relação. Não acho que ela enxerga isso como algo tóxico. Espero que o público goste muito, que se reconheça nesses amores inconsoláveis que a gente chora, ama e fica com raiva. A gente está falando sobre histórias de amor nessa novela", conta Alana Cabral.

Corrupção disfarçada de bondade

Em "Três Graças", a Fundação Ferette, comandada por Santiago Ferette (Murilo Benício), realiza um grande trabalho social na Chacrinha. A empresa recebe verbas milionárias para adquirir os medicamentos e entregar gratuitamente nas farmácias da fundação. Porém, os remédios são revendidos no mercado clandestino por um valor abaixo da tabela e com pagamento em dinheiro vivo. As pílulas distribuídas são placebos feitos de farinha.

Amantes da vida íntima e sócios no trabalho, Santiago e Arminda consideram-se pessoas superiores e expressam desprezo pelos mais necessitados. Ela é viúva do ex-sócio do empresário na Fundação Ferette, Rogério, desaparecido em circunstâncias misteriosas.

No interior de uma obra de arte neoclássica adquirida pelo marido, "As Três Graças", ela e o amante escondem grandes quantias de dinheiro do esquema de falsificação. A escultura fica em um quarto secreto no casarão onde Arminda vive com a mãe Josefa e o filho Raul, na Aclimação, bairro nobre na região central de São Paulo. Gerluce acaba descobrindo sobre o dinheiro enquanto trabalha como cuidadora de Josefa no lugar da mãe.

Amor em meio ao caos

Sem tempo para namorar, Gerluce começa a flertar com o motorista do ônibus que sempre pega. Entre uma viagem e outra, ela combina encontros com Gilmar (Amaury Lorenzo). Bonita e atraente, ela chama a atenção também de Paulinho Reitz (Romulo Estrela), policial honesto e íntegro que a conhece no posto de saúde onde ela leva Joélly para fazer os exames de gravidez.

Quando descobre que Gerluce trabalha na Aclimação, Paulinho dá um jeito de estar por perto. Demonstra interesse pelos problemas que ela enfrenta e diz que pode contar com ele em diversas situações. Nas conversas durante as caronas para o trabalho, aos poucos, os dois iniciam um namoro apaixonado, que entrará em crise quando ela descobrir sobre o esquema dos remédios.

Em busca da redenção

Traficante perigoso, o antigo chefe do tráfico da Chacrinha, e pai de Joélly, Jorginho Ninja ficou preso durante muitos anos. Na cadeia, conheceu o pastor Albérico (Enrique Diaz) e acabou se convertendo à fé cristã. Sem ter contato com a filha, tenta se redimir das atitudes cometidas, mas o caminho não será fácil.
"Três Graças" apresenta uma história ambientada em São Paulo e propõe reflexões sobre assuntos contemporâneos, mas a proposta dos autores e do diretor artístico Luiz Henrique Rios é uma obra tragicômica, não naturalista. "Na estética e na interpretação, estamos trabalhando com um tom um pouco acima da realidade. É uma história intensa, com muita cor e vibração. Dessa forma pulsante queremos emocionar e envolver o espectador", explica o diretor.