Logo da novela 'Vale Tudo'Reprodução

Rio - O remake de "Vale Tudo", da TV Globo, que termina nesta sexta-feira (17), atualizou temas e personagens do clássico de 1988, mas também chamou atenção por algumas tramas que perderam espaço. Ao longo dos capítulos, diferentes núcleos apresentaram histórias com potencial que, por mudanças de ritmo ou foco narrativo, acabaram sendo deixadas de lado. Relembre algumas dessas linhas narrativas.
Bebês reborn

Um dos enredos mais curiosos, e também um dos mais curtos, foi o dos bebês reborn, bonecos realistas que imitam bebês de verdade. O tema ganhou repercussão nas redes sociais e foi incorporado à novela por Manuela Dias de forma inusitada: César (Cauã Reymond) e Olavo (Ricardo Teodoro) montam um esquema ilegal de contrabando e venda desses bonecos. Aldeíde (Karine Teles), sem saber da origem ilícita, compra uma das bonecas, batizada de Amelie, e passa a tratar como um bebê de verdade. Ela monta enxoval, leva o boneco ao trabalho e se apega emocionalmente, acreditando estar suprindo uma carência afetiva. Porém, depois de alguns capítulos, Aldeíde decide doar o brinquedo, encerrando o arco de forma repentina.
O pai biológico de Sarita

A chegada de Luiz (Guto Galvão) como pai biológico de Sarita (Luara Telles) movimentou os capítulos finais e gerou debate. A personagem é filha de Cecília (Maeve Jinkings) e Laís (Lorena Lima), um casal homoafetivo que a criou desde bebê. Luiz surge com documentos alegando paternidade e pedindo para conhecer a filha, o que gera desconforto e desconfiança nas mães. O tema envolveu questões legais e emocionais, mas foi resolvido de maneira breve. O personagem afirma não querer causar problemas, apenas participar da vida da menina, mas também solicita ajuda financeira, mas é preso depois de ser denunciado pelas mães. Coletivos ligados à pauta LGBTQIA+ chegaram a comentar o enredo, apontando a necessidade de maior cuidado com o tema. 
A assexualidade de Poliana

O personagem Poliana (Matheus Nachtergaele) foi o protagonista de uma das narrativas mais inéditas do remake. Diferente da versão original, ele é retratado como uma pessoa assexual, o que o leva a investigar a própria identidade com o auxílio da irmã, Aldeíde, e até de ferramentas de inteligência artificial.
A trama mostra sua busca por autoconhecimento e a descoberta do termo “assexualidade”, que o ajuda a compreender seu modo de se relacionar com o mundo. O personagem grava um depoimento sobre o tema que viraliza na internet e, mais adiante, se aproxima de Marieta (Cacá Ottoni), que também se identifica como assexual. Os dois iniciam um relacionamento “assexual heteroafetivo”. O arco teve boa recepção por abordar uma questão pouco explorada na televisão brasileira, mas acabou sendo discretamente deixado de lado.
Diabetes de Solange

A condição de saúde da personagem Solange (Alice Wegmann) foi outro ponto que chamou atenção pela forma como foi abordado. Diagnosticada com diabetes em determinado momento da trama, ela passou a viver situações que exploravam as limitações impostas pela doença, como o episódio em que sofre uma crise de hipoglicemia em público e outro em que exagera nos doces durante um casamento.
A abordagem dividiu opiniões. Parte do público destacou o mérito de inserir um tema médico comum em uma novela de grande audiência, enquanto outros consideraram o tratamento superficial, alegando que o enredo surgiu e desapareceu sem aprofundamento, sendo usado apenas como recurso para gerar tensão em algumas cenas.
Núcleo jovem e personagens com pouca participação
O núcleo jovem, importante na versão original por abordar temas como sexualidade, liberdade e amadurecimento, teve presença reduzida no remake. Personagens como Tiago Roitman (Pedro Waddington), Carlos (Felipe Ricca) e Fernanda (Ramille) apareceram de forma irregular e com pouco desenvolvimento.