Como a saúde mental pode afetar o sonho de ser mãeReprodução

Junho é o Mês Mundial da Conscientização da Infertilidade. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que 1 a cada 6 pessoas (17,5%) no mundo enfrentam dificuldades para engravidar. No Brasil, o número gira em torno de 9 milhões de pessoas.

“As causas são diversas e podem envolver problemas de saúde na mulher, no homem ou em ambos. Na mulher, algumas doenças podem provocar dificuldades para ovular, fertilizar e manter a gravidez, como Síndrome do Ovário Policístico (SOP), tumores hormonais, alterações nas tubas uterinas, endometriose, miomas e pólipos no útero, entre outras”, explica Carlos Moraes, ginecologista e especialista em infertilidade.

Entretanto, existe um fator influenciador que, costuma ser esquecido ou subestimado, tanto no diagnóstico da infertilidade como no tratamento: o emocional da mulher.
“Por muito tempo, no universo da psicologia, alguns casos de infertilidade sem causa aparente foram associados a conflitos inconscientes sobre a gestação e maternidade, principalmente relacionados à figura materna e ao medo de reproduzir um modelo tido como ruim”, explica a psicóloga Monica Machado, da Clínica Ame.C.

Uma pesquisa do Instituto Valenciano de Infertilidade, na Espanha, mostrou que cerca de 65% das mulheres não conseguem engravidar devido a fatores emocionais, como sintomas de ansiedade, estresse e até depressão.
“Considerando a interação do corpo com a mente, supõe-se que a infertilidade tem causa combinada, onde o psíquico influencia o lado biológico, enquanto o sofrimento físico afeta a mente”, completa Monica Machado.

Quando falamos da Fertilização in vitro (FIV), que é um dos principais tratamentos para a infertilidade, a literatura revela que a ansiedade, e também a depressão, não estão relacionadas a resultados negativos no tratamento de FIV. No entanto, as falhas de tratamento podem ocasionar ansiedade e depressão.

“Vale lembrar que a psicoterapia deve ser orientada sempre. Tratar o emocional não só ajuda a enfrentar todo esse processo, como pode aumentar as perspectivas em relação à concepção”, finaliza a psicóloga Monica Machado.