Por thiago.antunes
Rio - Saiu ontem a inflação de janeiro de 2017, medida pelo IPCA, que apontou um aumento de 0,38%. Em termos práticos, esse resultado é o menor para um mês de janeiro desde que o indicador foi criado em 1994.
Em 12 meses, o índice acumulado marca 5,35%, o que representa que o aumento dos preços na economia em janeiro de 2017 é a metade do acumulado em 12 meses em janeiro de 2016, que era de 10,71%. Trata-se de uma boa notícia, que permite esperar dias relativamente melhores ao longo de 2017.
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O problema é que a queda dos preços se dá muito mais pelo rigor da crise econômica do que pelas virtudes das soluções propostas pelo governo. As medidas defendidas pela equipe econômica ainda não têm influência relevante nesse resultado, até porque as mais importantes ainda dependem de aprovação do Congresso, como a Reforma da Previdência Social.
Tanto assim é verdade, que o cidadão que vai a um supermercado não percebe essa diminuição da inflação nos preços dos alimentos. No IPCA de janeiro de 2017, um dos maiores destaques foi a queda do preço do feijão em 13%.
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Entretanto, é preciso lembrar que o preço do feijão subiu 104% em 2016 por conta de problemas de produção. Em termos práticos, a estatística do IBGE não sensibiliza o bolso do consumidor, que continua achando o produto muito caro.
Veja se o caso da marca líder em vendas, do feijão preto, tipo 1, o mais comprado pelos cariocas. O preço andava na casa de R$ 6,50 o quilo e que pode ser comprado agora por cerca de R$ 5,90. Em nada adianta festejar que o preço diminuiu R$ 0,60 ou mais uns poucos centavos.
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Na mente das pessoas ainda há o preço de aproximadamente um ano atrás, em que o quilo valia ao redor de R$ 4. Na conta simples do povão, apesar da redução em janeiro, o quilo ainda está custando cerca de R$ 2 a mais do que o preço histórico, registrado na memória.
O resultado do IPCA deveria motivar o Copom a baixar de forma mais agressiva os juros na próxima reunião. Seria muito bom para a economia uma redução de um ponto percentual na Selic.
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Gilberto Braga é professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral