Rio - A parceria entre a Petrobras e a China National Petroleum Company (CNPC) para conclusão das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), paralisadas após o início da Operação Lava Jato, é vista com bons olhos e cautela por especialistas. O memorando de entendimento, que dá início ao negócio, foi assinado ontem em Pequim pelos presidentes da Petrobras, Pedro Parente, e o vice-presidente da CNPC, Wang Dongjin, que preside a PetroChina.
“Até o momento, não há nada muito claro. Só a proposta de um memorando”, aponta Bruno Sobral, economista e professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Uerj. “O Comperj é um ativo de grande potencial estratégico, mas está fora das prioridades da Petrobras”, diz. “Essa parceria é válida sob o ponto de vista de finalizar uma obra que se arrasta há anos”, acrescenta.
Opinião similar tem Mauro Osório, professor associado da Faculdade Nacional de Direito, da UFRJ, e coordenador do Observatório de Estudos sobre o Rio. “A retomada do Comperj representará um alívio para o Estado do Rio e para o Município de Itaboraí com a entrada de recursos via ICMS”, estima Osório.
Na sua avaliação, o grande desafio seria ampliar este acordo, que prevê somente o término da refinaria, para que o Rio voltasse a produzir plástico. “O estado já foi o segundo maior produtor de plástico, hoje amarga a oitava posição”, lamenta.
“A intenção dos chineses é a exportação do óleo e não a retomada de todo complexo”, afirma Bruno Sobral. A afirmação do especialista é corroborada pelo fato de a CNPC ser sócia da estatal na exploração da área de Libra, a maior descoberta de petróleo do país, no pré-sal da Bacia de Santos, que começa a produzir em fase de testes este ano. E com a capacidade projetada da refinaria em processar 165 mil barris de petróleo por dia em sua primeira fase.