Por thiago.antunes

Rio - É incontestável que a crise econômica provoca mudanças no comportamento de consumidores e empresas. Nestes tempos, as famílias diminuem compras e as empresas sentem a queda das vendas. Como reação, muitas delas mexem nas embalagens dos produtos, diminuindo a quantidade ou o peso.

Desta forma, o preço final ao consumidor fica mais ou menos igual ao que custava antes da crise, só que menor ou mais leve. Você que vai ao mercado, já deve percebido a velha tática. Ela remete a apelo da memória de preço registrada no inconsciente do cliente, que acha que o preço atual é justo porque é mais ou menos parecido ou igual ao que sempre pagou.

Não se dá conta de imediato que o produto encolheu. Na prática, paga mais caro porque leva menos para casa. Há exemplos dessa artimanha em praticamente quase todos os gêneros, como em refrigerante de lata, pacote de frango, biscoitos, chocolates em barra, batata frita de pacote,sabão em pó, pasta de dente, sorvete de pote, e por aí vai.

O caso mais emblemático, pela força da marca, seja o da latinha de Coca-Cola. Sempre foi oferecida com 355 ml, mas está muito difícil de encontrar agora, que o mercado foi invadido por uma menor com 310 ml. O que chama a atenção é que a nova embalagem é mais fina e mais cumprida (mais alta) do que a anterior, o que pode mascarar a mudança no volume.

Como o produto é de consumo imediato nos bares e restaurantes, os consumidores ficam sem opção e no prejuízo. Praticamente são compelidos a pagar o mesmo que pagavam pela lata maior e levar a menor. A empresa fez comunicado que não deixou de fabricar a lata de 355 ml, mas as autoridades investigam o caso.

Embora exista uma legislação no país que obriga as empresas a comunicarem as alterações com destaque nas embalagens e que frequentemente é cumprida, a maior parte dos consumidores não se atenta a este detalhe e acaba sendo enganado.

Gilberto Braga é professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral

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