Rio - O Estado do Rio investe em todas as frentes para buscar recursos e quitar os salários atrasados do funcionalismo. O empréstimo bancário de R$ 3,5 bilhões, tendo as ações da Cedae como garantia, sempre foi apontado como a grande solução. O crédito teria aval da União. Mas, agora, a ideia estudada pelos governos estadual e federal de compra de ações da estatal pelo BNDES ganha cada vez mais forma. E, hoje, representantes do banco e dos entes se reunirão para tratar disso.
A compra da companhia de águas e esgoto do Rio não retiraria o controle acionário do Executivo do Rio. O BNDES adquiriria menos da metade das ações da empresa como uma forma de viabilizar a chegada de dinheiro para o estado.
A reunião de hoje terá, a princípio, a presença do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco; do presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro; e do governador Luiz Fernando Pezão.
Pezão já terá retornado de sua licença recomendada por seus médicos. De acordo com as informações, o governador foi diagnosticado com síndrome metabólica, que envolve problemas de descompensação do diabetes e aumento de peso, entre outros. Ele foi se tratar em uma clínica e SPA em Penedo.
O valor de mercado da Cedae ainda não foi fechado e, segundo o governador, o estado está agilizando a contratação de uma empresa que fará essa avaliação.
Diante dessas negociações, o governador disse, na última quinta-feira, que espera quitar os salários atrasados — maio, junho e décimo terceiro — do funcionalismo dentro do mês de agosto.
Mas para o presidente da Comissão de Tributação da Alerj, deputado Luiz Paulo (PSDB), a ideia de compra de ações da Cedae pelo BNDES e da quitação dos salários dos servidores em agosto sugere muitos questionamentos.
“Esse tipo de operação não está nas regras do banco, que é uma instituição de fomento. E ainda não foi feita a modelagem de venda da companhia. Há tantas interrogações que é impossível alguém afirmar que tudo estará resolvido em agosto”, ponderou o parlamentar.
Mas como a ideia de ‘antecipar’ a venda da Cedae ao BNDES, justamente para conseguir verbas o mais rápido possível, já vem sendo estudada, a esperança de integrantes do Palácio Guanabara é que a União atue dessa forma.
E até porque a operação envolvendo a companhia seria a alternativa mais imediata do que esperar a assinatura do acordo de recuperação fiscal: até a última sexta, a Presidência da República não havia publicado o decreto para regulamentar a lei. Só depois de sair a norma é que o governo Pezão poderá protocolar o pedido formal de adesão ao regime.
Na última sexta, foi a vez do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fazer apelo ao governo federal. Em entrevista ao RJTV , ele disse que o estado precisava urgentemente de ajuda financeira, em, no máximo, 15 dias.
A espera pela ajuda federal tem se arrastado por tanto tempo que os servidores já não se mostram esperançosos com os alertas feitos pelo governo e deputados.
“Quando o projeto de lei para venda da Cedae foi enviado à Alerj, por exemplo, foi dito aos deputados que em 15 dias após a aprovação seriam injetados os R$ 3,5 bilhões no estado. Estamos esperando até hoje. E diante da postura do governo federal, não conseguimos acreditar que em 15 dias tudo se resolverá. Enquanto isso, o servidor sofre”, declarou um dos líderes do Muspe, Marcos Freitas, do SindpeFaetec.