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Rio - A importância da Eletrobras para o fornecimento de energia ao Brasil é enorme, com seu parque gerador responsável por cerca de um terço da oferta de eletricidade do país. A privatização da companhia traz embutida a proposta de revitalização da bacia do Rio São Francisco, com direcionamento de parte dos recursos a ações de recuperação ambiental e social.

É compreensível que a maior empresa de energia do país possa prestar relevante contribuição para o uso da água. Entretanto, parte dos recursos da privatização do sistema também deveria destinar-se à recuperação da bacia do Paraíba do Sul, que tem muitos problemas estruturais, assim como a do São Francisco. Vértice natural de três dos mais importantes estados brasileiros, o Paraíba do Sul abastece a 20 milhões de pessoas - em Piraí, há uma transposição que destina parte da vazão do rio para a região Metropolitana do Rio, o Sistema Guandu.

Esgotado, o Guandu já não cumpre sua missão com eficiência. Uma proposta de nova transposição, transferência de água de uma bacia para outra, por meio de um sistema artificial de condução, pode melhorar o atendimento das regiões metropolitanas do Rio e São Paulo (que chegou a ver o Cantareira chegar ao volume morto em 2015), além do sul de Minas Gerais.

O plano é destinar parte da água da hidrelétrica de Furnas, no Rio Grande, para os sistemas Cantareira e Guandu, além do sul de Minas, estado que é considerado como a caixa d'água do país. Como o reservatório é muito grande, canais artificiais com extensão da ordem de 250 quilômetros levariam parte dessa água para o Cantareira, e por tabela, para o Paraíba do Sul.

A geração de energia é muito importante e cerca de 70% da produção de eletricidade nacional é hídrica. Da mesma forma, água é um direito fundamental e o uso da água de Furnas pode garantir o futuro do abastecimento humano na região, reforçar o atendimento industrial e de áreas agrícolas, dois segmentos de extrema importância para a economia.O potencial de geração hidrelétrica ainda é grande no Brasil e outras fontes de energia, como eólica e solar ganham espaço na matriz energética.

Portanto, no momento que o país reflete sobre o melhor uso da água, vale tirar do papel alternativas que aumentem a oferta aos que dependem do Paraíba do Sul e que recupere a bacia, na qual foi construída a primeira hidrelétrica do Brasil.

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