Rio - Mesmo que a taxa básica da economia tenha caído de 6,5% para 6% ao ano, conforme anunciou o BC, o consumidor final não vai sentir a redução nos juros. Segundo especialistas, as taxas vão continuar estratosféricas. Em junho, os indicadores atingiram 118% ao ano, em média. Entre os motivos, estão o risco de inadimplência, custo de administrativo e os tributos de impostos que os bancos assumem ao emprestarem o dinheiro.
Conforme o economista Gilberto Braga, professor do IBMEC e da Fundação Dom Cabral, é preciso entender que o corte da Selic feito pelo Copom não reflete na taxa para o consumidor. "Os juros vão continuar elevados, embora estejam no patamar mais baixos dos últimos anos. Existem vários fatores que influenciam o valor", explica.
Diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Andrew Frank Storfer compara os fatores que fazem os juros permanecerem altos para o consumidor como uma pizza. Segundo ele, a massa seria a Selic e os ingredientes, as razões que justificam a taxa elevada.
"Em cima da massa são colocados custo administrativo, tributos e impostos e o risco de inadimplência. Essa é a explicação dos bancos para os juros altos, por isso há a diferença entre Selic e taxas para consumidores", afirma.
Os especialistas explicam que como o risco de inadimplência é grande e cada vez mais as famílias se endividam, a taxa é alta devido à possibilidade de calote. A crise que o país ainda enfrenta e o número de grande de desempregados influenciam os juros. "Com isso, o bom pagador acaba também pagando pelo mal pagador, pois a taxa reflete em todos", afirma Braga.
O chamado spread bancário (diferença entre o que as instituições pagam para captar dinheiro e o que cobram ao emprestar) também tem grande impacto nos juros. O banco separa parte para arcar com custos da instituição e também ter lucro, além de usar uma quantia para ser recolhido como reserva contra a inadimplência. "O problema é que o 'spread' é extremamente alto, além do que deveria. É um dos mais altos do mundo. Inibe investimento e dificulta a movimentação do dinheiro", diz Frank.
Mais bancos reduzem