O terceiro trimestre de 2020 teve um avanço de 16,3% em relação ao segundo - Marcello Casal Jr./Agência Brasil
O terceiro trimestre de 2020 teve um avanço de 16,3% em relação ao segundoMarcello Casal Jr./Agência Brasil
Por Marina Cardoso

Rio - Mesmo que a taxa básica da economia tenha caído de 6,5% para 6% ao ano, conforme anunciou o BC, o consumidor final não vai sentir a redução nos juros. Segundo especialistas, as taxas vão continuar estratosféricas. Em junho, os indicadores atingiram 118% ao ano, em média. Entre os motivos, estão o risco de inadimplência, custo de administrativo e os tributos de impostos que os bancos assumem ao emprestarem o dinheiro. 

Conforme o economista Gilberto Braga, professor do IBMEC e da Fundação Dom Cabral, é preciso entender que o corte da Selic feito pelo Copom não reflete na taxa para o consumidor. "Os juros vão continuar elevados, embora estejam no patamar mais baixos dos últimos anos. Existem vários fatores que influenciam o valor", explica. 

Diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Andrew Frank Storfer compara os fatores que fazem os juros permanecerem altos para o consumidor como uma pizza. Segundo ele, a massa seria a Selic e os ingredientes, as razões que justificam a taxa elevada.

"Em cima da massa são colocados custo administrativo, tributos e impostos e o risco de inadimplência. Essa é a explicação dos bancos para os juros altos, por isso há a diferença entre Selic e taxas para consumidores", afirma. 

Os especialistas explicam que como o risco de inadimplência é grande e cada vez mais as famílias se endividam, a taxa é alta devido à possibilidade de calote. A crise que o país ainda enfrenta e o número de grande de desempregados influenciam os juros. "Com isso, o bom pagador acaba também pagando pelo mal pagador, pois a taxa reflete em todos", afirma Braga. 

O chamado spread bancário (diferença entre o que as instituições pagam para captar dinheiro e o que cobram ao emprestar) também tem grande impacto nos juros. O banco separa parte para arcar com custos da instituição e também ter lucro, além de usar uma quantia para ser recolhido como reserva contra a inadimplência. "O problema é que o 'spread' é extremamente alto, além do que deveria. É um dos mais altos do mundo. Inibe investimento e dificulta a movimentação do dinheiro", diz Frank.

 

Mais bancos reduzem

Com a queda da taxa básica e depois da Caixa Econômica baixar juros, outras bancos também anunciaram revisão de juros.
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O Itaú divulgou que repassará integralmente o queda aos clientes. Para pessoas físicas, a linha de crédito afetada será a do empréstimo pessoal. No cheque especial do Banco do Brasil, a taxa mínima passou de 1,99% ao mês para 1,95% ao mês. Já os juros do crédito pessoal, de 2,99% ao mês, foram para 2,95% ao mês.
O BB estendeu ao financiamento imobiliário. Na aquisição pelo Sistema Financeiro de Habitação, as taxas de 8,49% ao ano caíram para 8,29% ao ano. Com a carteira hipotecária, a queda foi de 8,85% ao ano para 8,65% ao ano.
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O Santander baixou os juros do crédito imobiliário de 8,99% para 7,99%. Segundo a instituição, o banco "vem fazendo um movimento de corte" sem depender do Copom. O Bradesco anunciou que acompanhará a redução das taxas de juros nas linhas de crédito.
 
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Colaborou a estagiária Larissa Esposito sob supervisão de Max Leone.
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