Região concentra a maior parte de shopping centers da cidade, mas mantém forte a tradição em lojas de rua
Por O Dia
Com mais de 2 milhões de habitantes, a Zona Oeste do Rio, segunda mais populosa da cidade — só atrás da Zona Norte —, é considerada o paraíso dos comerciantes. Prova disso é que a região concentra 40% dos shopping centers da cidade, os quais recebem quase 10 milhões de visitas ao mês. Para os especialistas em varejo e comércio, a grande demanda ocorre devido aos atrativos — opções de lazer, gastronomia, compras e, claro, a segurança —, mas também porque os consumidores preferem evitar longos deslocamentos (20 quilômetros separam a Barra da Tijuca da Zona Sul, por exemplo).
De acordo com a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), os 38 shoppings do Rio, com 6.111 lojas, recebem 17,6 milhões de visitas ao mês. O volume de vendas estimado em 2018 foi de R$ 12,8 bilhões. Embora a entidade não tenha dados específicos da Zona Oeste, é fácil deduzir que grande parte deste faturamento provém dos 15 grandes centros comerciais locais.
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Expansão
Ocupando quase 74% do território carioca, e com 41 bairros, a região tem uma vantagem competitiva em relação às demais: grandes espaços disponíveis para construção. Para Aldo Gonçalves, empresário e presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Rio de Janeiro (SindilojasRio) e do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio), esta é uma questão relevante.
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“São necessários terrenos muito grandes para esse tipo de construção, e esse é um diferencial da Zona Oeste. Além disso, moradores de regiões como a Barra, que concentra o maior número de shoppings, têm poder aquisitivo alto, o que faz com que os negócios se sustentem”, afirma, citando também Jacarepaguá como outra área de destaque.
"Na Freguesia, por exemplo, emerge uma população com poder de compra e, por conta disso, surge um comércio cada vez mais moderno e pujante, principalmente nos segmentos de vestuário, calçados, bijuterias, eletrodomésticos etc”, completa Gonçalves. Terreno propício para a construção do 16º shopping da Zona Oeste, o ParkShopping Jacarepaguá, do Grupo Multiplan, que será inaugurado em maio de 2020, no Anil.
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Sobre o perfil do público, ao contrário do que se imaginava, os moradores da Zona Oeste não são a maioria. Pelo menos não na Barra. O presidente da Câmara Comunitária do bairro, Delair Dumbrosck, afirma que metade dos frequentadores de finais de semana vêm da Baixada Fluminense e da Região Serrana.
“Quem mora aqui prefere ficar em casa e aproveitar as áreas de lazer dos condomínios aos sábados e domingos. Já o pessoal de outras regiões vêm para dar um passeio no bairro e aproveitar também outras atrações, como a praia. O shopping é parte deste roteiro”, explica o dirigente, que cita o Barra Shopping e o Village Mall como os destaques.
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O primeiro é mesmo um dos queridinhos, faz parte da memória afetiva dos cariocas. Perto de completar 38 anos — foi inaugurado em outubro de 1981 —, tem cerca de 700 lojas ocupando 101,2 mil metros quadrados, e recebe mais de 30 milhões de visitantes por ano, com faturamento médio de R$ 2 bilhões.
“Com a inauguração do VillageMall, em 2012, uma parte do público do Barra Shopping, de poder aquisitivo maior, migrou”, completa Delair.
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Para além do consumo
Shopping centers são também espaços de convívio e promoção da cultura. Na Zona Oeste, a agenda de eventos é bastante diversificada. O Bangu Shopping, por exemplo, sedia até 1º de setembro a segunda edição do Festival de Vinhos, parceria com a Wine Out Distribuidora. A entrada é franca e os visitantes poderão conferir uma série de atrações e produtos com preços bem acessíveis. Inaugurado em 2007, o shopping, que tem 230 lojas, recebe 1,8 milhão de visitantes por mês.
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No Via Parque, na Barra, acontece de 1º a 29 de setembro a exposição ConectArt, que tem como objetivo incentivar e despertar o interesse das crianças por cultura. Os organizadores pretendem estimular diferentes sentidos e envolver também os pais e responsáveis. Inaugurado em 1993, o shopping de 57 mil metros quadrados recebe 830 mil visitantes por mês.
Calçadões são marcas registradas
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Os frequentadores de Bangu podem ter duas certezas: uma, que no verão é comum os termômetros marcarem mais de 40 graus; e outra, que o Calçadão, na Avenida Cônego Vasconcelos, é um dos locais preferidos para as compras. Tem de tudo: roupa, calçado, celulares, produtos de beleza, eletrodomésticos, papelarias… Além de os preços camaradas chamarem a atenção, a proximidade com a estação de trem e com o Bangu Shopping (três minutos de caminhada) são atrativos de peso. Para amenizar o calor, um sistema de climatização com aspersores borrifa vapor de água fria nos pedestres.
Outro importante ponto de comércio popular na região, o Calçadão de Campo Grande, na Rua Coronel Agostinho, concentra 600 lojas por onde circulam 250 mil pessoas por dia, de acordo com dados da Associação Empresarial de Campo Grande (AECG). Com faturamento de R$ 1 bilhão por mês, o espaço gera três mil empregos diretos. Na década de 1940, os produtores rurais começaram a ocupar a região para escoar seus produtos agrícolas, já que havia a confluência das linhas de bonde. Em 1976, foi construído o calçadão, com projeto original do paisagista Roberto Burle Marx, hoje descaracterizado.