Guedes poderia ter negociado vacinas, mas afirmou 'não ser o responsável'
Ministro chegou a se reunir com representastes da Pfizer e da AstraZeneca. As informações foram enviadas à CPI da Covid, que investiga as ações ou omissões do governo durante a pandemia
O ministro da Economia, Paulo Guedes, se reuniu com representantes dos laboratórios que produzem as vacinas da Pfizer e da AstraZeneca. Os encontros aconteceram ainda em junho de 2020, mas o ministro se absteve da negociação dos imunizantes, alegando que eram responsabilidade do ministério da Saúde.
As informações foram enviadas à CPI da Covid, que questiona a morosidade do governo para adquirir as doses da vacina.
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A primeira foi em 16 de junho com Fraser Hall, então presidente da AstraZeneca para o Brasil. O representante da economia foi, Carlos Alexandre da Costa, secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade. Ele respondeu afirmou que "o Ministério reforçou [à AstraZeneca] que a competência para aquisição de vacinas era do Ministério da Saúde”.
Em 7 de agosto foi a vez da Pfizer ser recusada. Carlos Murillo, gerente-geral da empresa no Brasil, e outros funcionários estiveram presentes. Sobre o encontro, a paste de Guedes disse à CPI: “A empresa foi informada na reunião que não cabe ao Ministério da Economia decidir sobre a compra de determinada vacina, pois se trata de uma decisão de saúde pública”, afirma a Economia no documento enviado.
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Na época, a Casa Civil pediu para a equipe de Guedes redigir uma nota, afirmando que a compra no momento seria arriscada, devido à falta de informações sobre os imunizantes.
“Até o momento, não foi descoberta a vacina para o coronavírus. Isso faz com que a encomenda de uma vacina seja altamente incerta, tanto em termos de prazos quanto de especificações da solução. Pois simplesmente não se sabe, com um nível minimo de certeza, se e possível desenvolve-la e muito menos os exatos custos para tanto”, afirma o texto de 19 de junho enviado pela Economia à Casa Civil.
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Em julho, a Pfizer já havia firmado acordo com Reino Unido, Japão e Estados Unidos. Em agosto com o Canadá e em setembro com a União Europeia. A carta ao presidente Bolsonaro foi enviada 12 de setembro, mas segue sem resposta.