O índice que normalmente é usado nos contratos de aluguel acumula alta de 14,39% no ano
O índice que normalmente é usado nos contratos de aluguel acumula alta de 14,39% no anoFreepik
Por Maria Clara Matturo
Rio - Desde o início da pandemia no Brasil, o cenário do mercado imobiliário tem tido seus altos e baixos. Porém, no mês de maio, a alta dos preços foi significativa para os brasileiros que vivem de aluguel. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado no reajuste dos contratos de aluguel do país, subiu 4,10% em maio. Se considerados os últimos 12 meses, o indicativo registrou uma alta de 37,04%. Ainda de acordo com a FGV, em maio de 2020, o índice registrava taxas de 0,28% no mês e de 6,51% em 12 meses.
"Esse aumento do IGP-M está causando uma confusão muito grande na área locatícia porque de um lado os locadores querem corrigir o contrato, de acordo com o índice que consta lá, por outro lado, nós temos os locatários que não tem condições de suportar um aumento tão drástico", ponderou o advogado especialista em Direito Imobiliário Leandro Sender. 
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"A recomendação que nós damos é que o bom senso sempre tem que prevalecer, o acordo é sempre a melhor opção para todos exatamente para evitar algum tipo de litígio ou até uma inadimplência, já que ela não é interessante para nenhuma das partes. Muitas vezes essa renda que o locador tem com esse aluguel é vital para a sua subsistência, em alguns casos é até a única renda que tem.As partes precisam sentar e decidir qual é a melhor solução para o caso", acrescentou.
Como negociar
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Para a advogada especialista em Direito Imobiliário Cátia Vita, manter o profissionalismo é essencial.
"Primeiramente, saiba manter a formalidade em uma negociação, esteja aberto às
possibilidades de negociação, busque avaliar as ofertas oferecidas e também apresente as suas
propostas de negociação", afirmou.
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As opções que os inquilinos possuem são, na verdade, ferramentas para tentar negociar melhor. Uma das principais é pesquisar sobre outros imóveis, conheça os valores praticados no mercado por outras imobiliárias e observe o estado de conservação do imóvel. Muitas vezes, existem de vários outros imóveis, até melhores e por um preço menor que o atual pago pelo locatário. Inclusive, mostrar os anúncios ao proprietário ou imobiliária ajudam para negociar a diminuição do valor", acrescentou.
Segundo Sender, uma outra opção interessante é sugerir a troca do índice base no contrato: "Até a lei do inquilinato é clara ao dizer que as partes podem modificar a cláusula de reajuste, não somente existe esse dever em cooperar, como a própria lei incentiva isso. Eles podem por exemplo decidir pela troca do índice e, atualmente, damos a sugestão de que seja aplicado o IPCA, que reflete muito melhor a realidade do que o IGP-M, trazendo uma correção monetária para o locador e uma possibilidade pagável para o locatário". 
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"Uma outra questão importante é que hoje existe uma dificuldade muito grande em realocar os imóveis. Então se o locador decidir ajustar o valor além das possibilidades, é possível que esse locatário saia do imóvel e é possível que ele deixe de receber aquela renda e, pior, ele precisará começar a arcar com as despesas como IPTU e condomínio e outras", finalizou