Quando se trata de finanças pessoais, o cartão de crédito é considerado um dos maiores vilões dos consumidores, sobretudo os mais jovensDivulgação

Por Maria Clara Matturo
Rio - No mês de maio, o percentual de famílias endividadas no Brasil alcançou o maior patamar da série história, alcançando a marca de 68%, segundo dados divulgados pela pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Nesse cenário, como de costume, o cartão de crédito se destaca como principal tipo de dívida, sendo apontado por 80,9% dos endividados.
Quando se trata de finanças pessoais, o cartão de crédito é considerado um dos maiores vilões dos consumidores, sobretudo os mais jovens, que acabam se deixando levar pelos parcelamentos que "não pesam no bolso". No entanto, muitas vezes, quando usado com inteligência, o cartão de crédito pode ser um aliado para efetuar as compras, conforme ponderou a educadora financeira da Ativa Investimentos Bia Moraes.
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"O cartão de crédito não oferece só desvantagens e riscos, ele ofere muitos benefícios como poder comprar sem ter o dinheiro na hora. Então se você vai receber numa data futura e tem certeza que quer fazer uma compra, o cartão de crédito possibilita isso. Ele também é muito bom para concentrar os gastos, o que facilita o controle, você tem maior visibilidade da sua vida financeira. Além disso, esse acúmulo de gastos é bom também para o acúmulo de pontos, que podem ser trocados por milhas futuramente".
Apesar dos benefícios, é importante também estar atento aos possíveis malefícios: "O maior risco que se tem usando o cartão de crédito é quando você fica inadimplente, que seria deixar de pagar a fatura e por isso arcar com os juros. Isso pode virar uma bola de neve porque pode chegar ao mês seguinte e você continuar usando o cartão mesmo não conseguindo pagar a fatura antiga e nem a atual. Então, é importante que o uso do cartão seja controlado para evitar que a fatura venha maior do que você realmente possa pagar. Como risco também existem as altas taxas, então é importante que você tenha noção do quanto você paga de taxas e ter a certeza de que você já negociou para diminuir esse custo", reforçou Bia. 
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Como usar o cartão de crédito de forma inteligente
Uma das formas de usar essa forma de pagamento de uma maneira saudável é utilizando com planejamento e sabedoria, como orientam os especialistas. 
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"É preciso ficar atento para que o limite do cartão de crédito não ultrapasse 30% do salário ou ganho mensal, evitando assim gastar mais do que se ganha. Além disso, se tiver apenas uma fonte de renda, o ideal é ter apenas um cartão. Cuidado com o parcelamento. Com essa grande facilidade, o endividamento, infelizmente, acaba se tornando uma realidade. Nesse caso, é preciso ter o comprometimento para arcar com essa despesa durante os meses futuros", afirmou Reinaldo Domingos, que está a frente do canal Dinheiro à Vista e é PhD em Educação Financeira. 
Segundo Domingos, além das taxas de anuidade, pagar o valor mínimo das faturas é um dos erros mais comuns que os consumidores cometem: "As taxas de juros cobradas são uma das maiores, o que acaba levando à inadimplência. Caso não consiga pagar a parcela total, procure outra linha de crédito que não ultrapasse 2,5% ao mês. Vale também negociar com a operadora a anuidade do cartão. Hoje, é possível encontrar cartões que não cobram nenhuma taxa de manutenção. Também nunca empreste o cartão de crédito à outra pessoa, mesmo que seja conhecida".
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"Quem usa cartão de crédito precisa ter noção da sua vida financeira, noção de quanto ganha, quanto gasta e quanto está determinado a gastar mensalmente para ter saúde financeira. É bom que esse consumidor já faça as compras tendo certeza de que vai poder pagar pela fatura que vai chegar e não se embolar com as parcelas, porque as vezes vamos somando as parcelas e quando vamos perceber a fatura já está enorme", reforçou a educadora financeira Bia Moraes.
Por fim, é importante sempre manter a consciência sobre o que está ou não comprando. 
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"Evite compras por impulso. Com o bombardeiro diário de ofertas e oportunidades na mídia, muitas vezes os jovens se deixam levar e adquirem um serviço ou produto que nem sempre é necessário. Para que isso não aconteça, é preciso se perguntar antes de qualquer compra: "Eu realmente preciso disso?" "Eu terei como pagar a fatura no mês seguinte?" "Estou comprando por vontade própria ou me deixando levar pelas propagandas ou terceiros?", finalizou Domingos.