Fotos de divulgação das suítes do Shalimar para o dia 12.Divulgação

Por Maria Nobre*
Neste sábado (12), os casais terão que comemorar, mais uma vez, o Dia dos Namorados durante a pandemia. Em meio a uma série de restrições ainda presentes por conta da covid-19, motéis do Rio apostam nos protocolos de segurança e nos pacotes diferenciados e flexíveis para conseguir retomar os ânimos, após mais de um ano lutando para manter as portas abertas.
Para os casais que ainda não planejaram o ‘date’ deste dia 12, ainda é possível tentar reservar um momento especial para comemorar o tão aguardado Dia dos Namorados. De acordo com as regras estabelecidas pela Prefeitura do Rio de Janeiro, os motéis têm aval para funcionar, seguindo os protocolos de segurança. Do outro lado, os donos de motéis apostam no sucesso da data para conquistar novos clientes, especialmente devido à visibilidade dos estabelecimentos nessa época.
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A estratégia é agradar a diferentes públicos
Everton Lessa, gerente do hotel Shalimar, na Avenida Niemeyer, em São Conrado, Zona Sul do Rio, conta que a pandemia tem sido um momento difícil para o mercado, mas que com a chegada do dia 12 há grandes expectativas. Para lidar com a onda de contágio por covid-19 ainda em um patamar elevado, ele diz que foi necessária a criação de estratégias de organização em relação às medidas de restrição e também o investimento em serviços mais personalizados para atrair o público.
“É como diz o jargão, ‘a gente consegue manter a cabeça fora d’água’, então estamos conseguindo prosseguir de uma forma tranquila, suave. Porém, agora no dia 12 é um momento diferente, porque é como se fosse o nosso Natal, então a gente já sabia que haveria uma demanda expressiva”, explicou.
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Para esta data especial, Everton conta que o motel chegou a oferecer, durante o mês de maio, descontos de até 40% para a reserva antecipada de pacotes no dia 12. Após o período promocional, o estabelecimento seguiu com os preços normais, sem aumento por conta da data. Os pacotes disponíveis são os tradicionais já oferecidos pelo local: o cliente pode escolher apenas a suíte; a suíte e a decoração; a suíte, a decoração e a gastronomia; ou a suíte e o café da manhã. Entretanto, essas ofertas podem ser personalizadas de acordo com o perfil de cada casal.
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“A gente parte muito de uma escuta aberta, para entender essa diversidade de gênero e a necessidade dessa galera toda, para incluir o maior número de casais”, contou.
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Everton diz que o Shalimar também teve que lidar com diversas demandas de organização para o Dia dos Namorados. Dentre as medidas tomadas para evitar exposição a riscos, ele conta que as suítes terão um intervalo de quatro horas entre cada locação, o uso de máscara é obrigatório fora dos quartos, além de o estabelecimento garantir a disponibilização de álcool e máscaras no local para todos os clientes. E quanto às dificuldades dos motéis durante a pandemia, Everton conta que o otimismo sempre está presente.
“O jargão que a gente costuma utilizar é ‘nós precisamos reinventar’, tudo passa na vida, as coisas não são eternas, em algum momento a pandemia vai acabar. Nós precisamos nos reinventar e estar preparados para esse momento“, pontuou.
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Dia 12: um alívio em meio aos problemas
Márcia Costa, gerente do Nosso Hotel, também localizado em São Conrado, explica que a pandemia tem afetado o movimento na casa e desestimulando o setor como um todo. No entanto, a expectativa para o Dia dos Namorados é sempre elevada. Para esse ano, em especial, o Nosso Hotel optou por trabalhar com as reservas, o que não é tradicional do estabelecimento, que costumava lidar com as filas de clientes e com a rotatividade durante esse período do ano. “Eu me surpreendi, na verdade, porque a gente está com a maioria das suítes já reservadas”, contou.
A gerente também conta que, em relação à pandemia, os cuidados, que já existiam anteriormente, estão sendo priorizados, com recipientes de álcool espalhados pelo estabelecimento, além do controle no uso de máscaras e do reforço na limpeza das suítes. Em relação aos preços dos pacotes, ela explica que não haverá alterações para a data e os clientes podem optar pela pernoite ou pela diária na hora de fazer as reservas.
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Além da pandemia, Márcia explica que também enfrenta problemas na localização. Instalado na Av. Niemeyer, em São Conrado, o hotel acaba sendo prejudicado por conta de obras frequentes na região, o que deixa motoristas e pedestres confusos quanto à passagem pela avenida, que costuma fechar em alguns períodos. Ela conta que os impasses acabam sendo anteriores à pandemia, já que as obras vêm acontecendo desde 2019 e a via só foi reaberta em março de 2020, no início das restrições pelo avanço da covid. “Infelizmente, eu estou aqui há 20 anos e, nos últimos três anos, têm sido bem complicado ”, explicou.
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Apesar de o Dia dos Namorados ajudar na recuperação, a gerente diz que não é possível sobreviver apenas com os lucros da data. Ao longo dos últimos três anos, por exemplo, ela explica que teve uma redução de quase metade do quadro de funcionários por conta dos prejuízos.
“Não tem como, não tem como. A gente tem compromissos, tem gastos, tem a folha dos funcionários, tem impostos que pagamos, e a gente não tem como arcar com isso tudo. ”
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O otimismo, entretanto, continua, especialmente em relação ao avanço da vacinação e a recuperação da economia no geral. “Eu espero que até o final do ano todo mundo possa tentar recomeçar. ”

Fuga da clientela
Para Sergio Veiga, diretor do Love Time, a pandemia tem sido difícil, principalmente pela localização do motel, na Glória, perto do Centro do Rio de Janeiro. Com a maioria das empresas aderindo ao home office e o consequente esvaziamento do Centro, Sergio aponta que grande parte de sua clientela acabou deixando de frequentar o local, acarretando dificuldades no faturamento.
“Nós tivemos uma redução do quadro de funcionários, reduzimos bastante. E também lançamos mão desses benefícios que o governo possibilitou”, citou.
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Apesar das dificuldades, as expectativas para este 12 de junho são boas, já que o movimento, este ano, está melhor que no mesmo período de 2020, embora ainda não se compare ao pré-pandemia. Em relação às procuras, ele conta que muitas pessoas têm entrado em contato por Instagram, e-mail e telefone para se programarem para a data. “Geralmente, nesse período, a maioria motéis até trabalha com a tarifa mais elevada e nós, este ano, não, a gente vai manter nossos preços”, afirmou.
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Os pacotes oferecidos pelo Motel também vão seguir o mesmo modelo tradicional já oferecido pela casa, com diferentes preços a depender do tipo de suíte escolhida pelo cliente. E em relação à pandemia, Sérgio afirma que é importante seguir os protocolos de segurança para que os casais fiquem tranquilos.
“Eu acredito que a gente seguindo essas orientações dos órgãos sanitários, conseguimos trabalhar de uma forma bem segura e bem tranquila”, explicou.
É necessário unificar o setor
Rubens Soares, diretor regional no Rio de Janeiro da Associação Brasileira de Motéis (ABMotéis) e dono do Ouro Motel, em Sepetiba, na Zona Oeste, afirma que é muito importante a união do setor, especialmente para a manter a segurança e bem-estar dos funcionários e clientes durante a pandemia. Especificamente neste período, o diretor afirma que o contato tem sido fundamental para que haja uma conscientização cada vez maior das medidas mais eficientes na hora de reforçar a segurança dos motéis.
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“São coisas adicionais que agregam muito: protocolos de higiene mais específicos, como limpar uma hidromassagem da forma mais eficiente. Então o papel dela [ABMotéis] está sendo muito importante”, explicou.
Além disso, Rubens disse que há uma preocupação também em revitalizar a imagem do setor de “motelaria”. O diretor conta que, atualmente, o foco de muitos estabelecimentos e da ABMotéis têm sido a promoção de experiências mais diversificadas, com foco em pacotes personalizados e um atendimento a casais de união estável, contrariando a lógica do motel como algo direcionado ao adultério.
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“Muita gente não procura motel ao longo do ano (...) [o Dia dos Namorados] é uma época que eu falo que é como uma vitrine, as pessoas lembram do nome ‘motel’ nessa época, então é uma oportunidade para mostrar o que a gente está fazendo de bom”, detalhou, “Nosso foco não é sexo, nosso foco é bem-estar. ”
Sex Shops: fugindo dos clichês do dia 12
Para os casais ou solteiros que procuram algo especial para o Dia dos Namorados, mas preferem manter o isolamento social, também é possível sair da rotina com as compras online.
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Para Simone Carvalhaes, dona da rede de Sex Shop Chocolate com Pimenta, com franquias localizadas no Centro e na Zona Sul do Rio de Janeiro, a pandemia teve um impacto diferenciado. Com o isolamento social, a dificuldade em sair de casa e o consequente aumento das compras online, Simone explica que acabou havendo um aumento na demanda.
“As pessoas em casa, sem poder encontrar com o parceiro, acabaram investindo em produtos para usar sozinhas e existem uma infinidade desses produtos. Então nós notamos que houve um aumento, principalmente um investimento da parte das pessoas em comprar produtos melhores “, explicou.
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Com a chegada do Dia dos Namorados, Simone explica que tem usado as redes sociais como forma de divulgar as promoções e estimular os clientes a comprarem. Para as vendas na data, a dona da Sex Shop explica que a loja está com produtos novos e promoções especiais, que podem ser entregues, inclusive, via delivery.
“Aumentou consideravelmente a forma de pedir via delivery, então o WhatsApp e o nosso chat do site não param um instante (...) fizemos toda uma logística para entrega”, afirmou. E para os clientes que preferem as lojas físicas, Simone explica que todos os protocolos também estão sendo cumpridos para que não haja aglomerações ou contágio.
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*Estagiária sob supervisão de Gustavo Ribeiro