Governo pagou indevidamente pelo menos R$ 10,1 bilhões em auxílio emergencial no ano passado
Segundo o documento, cerca de R$ 139,6 milhões foram destinados a 74,5 mil beneficiários que já morreram
O valor das parcelas continuam os mesmos e vão de R$ 150 a R$ 375, dependendo da composição familiar. - Divulgação
O valor das parcelas continuam os mesmos e vão de R$ 150 a R$ 375, dependendo da composição familiar.Divulgação
Por O Dia
Rio - Um relatório de avaliação divulgado pela Controladoria Geral da União (CGU) apontou que, em 2020, o governo federal pagou pelo menos R$ 10,1 bilhões de forma indevida em auxílio emergencial. O documento reforça, ainda, que somente 1,5% desse valor foi devolvido aos cofres públicos por devolução espontânea. O Ministério da Cidadania, por sua vez, "ainda não possui estimativa de beneficiários que faltam providenciar o ressarcimento", apontou o órgão.
Quando se trata do destino do valor pago, a CGU mostra que R$ 139,6 milhões teriam sido pagos para 74,5 mil pessoas que já morreram, cerca de R$ 2 bilhões foram creditados para pessoas com renda familiar acima do limite previsto pelas condições do benefício, R$ 1,2 bilhão foram pagos a agentes públicos, municipais e distritais, R$ 4 bilhões foram destinados a pessoas com empregos formais e outros R$2,9 foram creditados de maneira indevida por razões distintas.
Outro balanço divulgado esse mês, dessa vez pelo Tribunal de Contas da União (TCU) estimou que esse número pode ser ainda maior, chegando a R$ 54,7 bilhões que foram pagos indevidamente, ou seja, os beneficiários que sacaram o auxílio não estavam dentro dos critérios de elegibilidade. Como, por exemplo, servidores públicos (civis e militares) ou beneficiários da Previdência Social.
Em nota, a Controladoria informou que "tem atuado por meio do cruzamento de informações para dar suporte às ações e decisões do Ministério da Cidadania relacionadas ao pagamento do Auxílio Emergencial no período de enfrentamento à crise causada pela pandemia. O trabalho é fruto acordo de cooperação técnica (ACT) firmado entre a CGU e o MCid em abril de 2020. O objetivo é evitar desvios e fraudes, garantindo que o auxílio seja pago a quem realmente se enquadra nos requisitos definidos para o seu recebimento".
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"Todas as informações estão sendo encaminhadas ao Ministério da Cidadania, para aprofundamento da análise e adoção das providências cabíveis. O resultado dos cruzamentos também é utilizado pela CGU em seus trabalhos investigativos e de acompanhamento, como também é encaminhado a outros órgãos competentes, para averiguação e eventuais providências de ajustes e correções", concluiu o comunicado.
Procurado, o Ministério da Cidadania informou, em nota, que retornaram aos Cofres da União, até o momento, cerca de R$ 4,8 bilhões referentes ao Auxílio Emergencial. O montante inclui as devoluções feitas em 2020 e 2021 e contemplam as devoluções voluntárias realizadas por meio da emissão de Guia de Recolhimento da União (GRU), restituição por Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF) e recursos não movimentados dentro dos prazos legais, além de revisões e fiscalizações quanto à elegibilidade dos beneficiários.
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A pasta informou também que tem trabalhado "diuturnamente para aprimorar todo o processo de concessão do Auxílio Emergencial, pautado no compromisso de garantir o atendimento às famílias mais vulneráveis e proteger os recursos públicos.
"Vale lembrar que também foi instituída a Estratégia Integrada de Atuação contra as Fraudes ao Auxílio Emergencial (EIAFAE), que conta com a Polícia Federal, o Ministério da Cidadania, a Caixa Econômica Federal, o Ministério Público Federal (MPF), a Receita Federal, a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU). O ministério é responsável por receber e tratar denúncias e repassar as informações para a ação dos demais órgãos no combate aos crimes relacionados aos pagamentos do benefício", acrescentou.
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Segundo a nota, também dentro desse escopo, os ministérios da Cidadania e da Justiça e Segurança Pública firmaram um novo acordo de cooperação no mês passado para prevenir e reprimir fraudes relacionadas ao auxílio emergencial 2021. O documento estabelece a criação de políticas públicas ao longo deste ano, que incluem o compartilhamento de informações constantes em bases de dados necessárias à verificação dos requisitos para concessão do auxílio e os aprimoramentos nos processos de verificação de informações do Cadastro Único do Governo Federal.
"A pasta também celebrou uma nova parceria com a Secretaria Especial da Receita Federal (RFB) com a intenção de permitir a troca de informações para ações de prevenção e repressão a fraudes relacionadas ao benefício", concluiu.
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