Ministro da Economia, Paulo GuedesDivulgação

Rio - O ministro da Economia, Paulo Guedes, se classificou, nesta quarta-feira, 5, como demissível no governo Jair Bolsonaro, mesmo sendo considerado pela cúpula do Palácio do Planalto como indemissível. A possibilidade de saída de Guedes do ministério começou a ser especulado após as desavenças com o Congresso Nacional nas negociações do Orçamento em 2021.
“Não me foi dado um mandato. Sou demissível ad nutum. O presidente, perdendo a confiança, eu saio", disse Guedes, em entrevista à Bloomberg Línea. 
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Embora tenha apoio na Câmara dos Deputados, a imagem de Guedes está enfraquecida no Senado e acendeu o alerta no governo federal para aprovações de pautas de Bolsonaro e agendas econômicas, como as reformas administrativa e tributária. Para evitar maiores desavenças, Bolsonaro nomeou Ciro Nogueira para comandar a Casa Civil e deve assumir as negociações com o Congresso Nacional para aprovação de PEC's.
Considerado super-ministro nos primeiros anos de mandato de Bolsonaro, Paulo Guedes começou a perder poder para a ala política, que cobrou a diminuição de poder de Guedes para agradar políticos do Centrão. Após pressão e necessidade de abrigar o bloco político no Palácio do Planalto, o presidente enfraqueceu seu 'super-ministro' ao retirar a secretaria do Trabalho e Previdência da alçada da pasta econômica para ganhar status de ministério, abrigando Onyx Lorenzoni. 
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Sobre as disputas políticas, Guedes afirmou que não irá ceder sua pauta liberal-democrata para ala política, muito menos liberar a condução da economia para partidos. Essa foi uma das condições impostas pelo ministro para se manter no governo Bolsonaro, inclusive. 
“Tenho algumas crenças sobre o que é importante fazer. Eu vim dar a minha contribuição. Se você pergunta se eu gostaria de trabalhar com A ou com B, eu digo que sou um liberal-democrata; se me perguntar se gostaria de trabalhar com social-democrata… é difícil, né? Eles são diferentes, aumentam os impostos; nós queremos reduzir os impostos”, concluiu, ao ser questionado se trabalharia para políticos de esquerda.
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"Sou um liberal democrata. Acredito na democracia. As instituições brasileiras foram testadas várias vezes; tivemos hiperinflação, recessões profundas, e a democracia continua. Nós votamos a cada dois anos. Às vezes, um poder avança um pouco e pisa no território do outro; mas o outro reage e acaba ocorrendo uma acomodação", afirmou o ministro. 
Ainda na seara política, Guedes se mostrou contrário as tentativas da oposição em travar pautas governistas. Segundo o ministro, os pedidos de impeachment contra Jair Bolsonaro enfraquecem o sistema político e alfinetou adversários: "pega a senha e espera a próxima eleição”
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"Tem pedido de impeachment todo tempo. Mais tarde, eventualmente, se a esquerda ganhar de novo, a direita também vai ficar todo o tempo querendo derrubar, querendo impeachment. Isso descredencia o processo. O ideal é que, quando alguém ganha, você espera; entra, pega a senha, e espera a próxima eleição".