Boletos falsos podem ser enviados tanto por correspondência quanto por meios eletrônicos. Especialistas aconselham a checar toda cobrança antes de efetuar pagamentoReprodução/TV Integração

Rio - Com a pandemia e a crise financeira recente, muitos golpistas se aproveitam para tentar enganar as pessoas com envio de boletos falsos. A cobrança fraudada pode chegar tanto por correspondência quanto por e-mails e notificações em aplicativos de mensagens, já que os criminosos utilizam a tecnologia e meios de pagamentos eletrônicos para aplicar esse tipo de golpe. Funciona assim: o consumidor recebe uma carta com o boleto fraudado, que se assemelha muito a um boleto original, ou ainda recebe e-mails ou notificações pelo WhatsApp solicitando o pagamento da dívida.
Segundo o advogado da Morais Advogados Associados, Afonso Morais, esse tipo de golpe vem se refinando, pois os criminosos possuem centrais telefônicas e os dados da pessoa contatada. Essas informações são oriundas dos vazamentos de dados e são compradas na Internet por cibercriminosos. "Os boletos chegam e as pessoas ficam em dúvida se devem pagar ou não e, por medo de ficar com nome sujo, elas realizam o pagamento, principalmente as que possuem mais idade", alerta.
O advogado também aconselha que o receptor do boleto tenha alguns cuidados antes de realizar qualquer pagamento. "Conferir a empresa cobradora, checar os dados do boleto, verificar a origem com o banco e financeira, preferir a leitura automática do código de barras, baixar o boleto no site do credor, certificar-se de que o site é seguro e evitar Wi-Fi público são as precauções que devem ser tomadas quando recebemos esse tipo de mensagem", diz.
Já o analista de segurança da Kaspersky, Fabio Assolini, acredita que a melhor forma do consumidor se resguardar desse tipo de golpe, é entendendo como funciona um código de barras. "De acordo com as normas de emissão de boletos da Febrabran, as contas emitidas por Prefeituras, de saneamento, energia elétrica, entre outras, sempre começarão com o número 8. Portanto, caso o usuário receba um boleto por email dessas contas, ele deve verificar como começa o código barras. Se iniciar com algum código de banco (como 001 Banco do Brasil, 237 Bradesco, lista completa aqui) o usuário saberá que esse boleto é falso, pois as contas de consumo legítimas sempre devem começar com o número 8", explica.
Além disso, Assolini alerta para o fato de que prevenir é melhor que remediar, já que pagamentos realizados através do boleto bancário são difíceis de serem recuperados. "É difícil resgatar, pois ao fazer o pagamento, o dinheiro será enviado para conta que pertence ao golpista, que imediatamente vai transferir o valor recebido. Porém, caso caia no golpe, a vítima deve procurar o banco que recebeu o valor (identificado pelo número do banco no código de barras), levando uma cópia da conta falsa. Com essa informação, o banco irá congelar a conta do golpista, evitando que mais pessoas sejam vítimas, visto que após o congelamento, o pagamento de contas falsas feitas por futuras vítimas não será concluído", diz.
Além do banco, também é recomendado que a vítima procure a delegacia mais próxima, com cópia do comprovante de pagamento e demais documentos correlatos, e registre um boletim de ocorrência.
Emissão de boletos falsos de IPTU
Recentemente, a Prefeitura do Rio identificou uma página fraudulenta que tenta se passar pelo portal Carioca Digital para emissão de boletos falsos do IPTU e enganar a população. Os criminosos utilizam a identidade visual semelhante ao site oficial com o objetivo de aplicar golpes nos contribuintes que buscam fazer o pagamento das cotas mensais online.
O usuário é direcionado para uma página onde é instruído a preencher o número da sua inscrição predial, o exercício e a parcela que deseja emitir para pagamento. O endereço falso utilizado pelos criminosos é https://iptu.cariocariodigital.org/ .
A Prefeitura do Rio, a Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento e a Iplan (Empresa Municipal de Informática) já solicitaram que o site seja cancelado e o domínio colocado fora do ar. O esquema criminoso também foi denunciado na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática.