Levantamento foi feito com as 20 maiores redes de supermercado do Rio Reprodução
De acordo com a Asserj, a carne, por ser um produto com validade curta, tem maior rotatividade no mercado, o que acaba gerando impactos de forma mais rápida no consumidor quando há movimentações no mercado.
Segundo o Embrapa, no ano passado o Brasil conquistou o posto de maior exportador de carnes do mundo, com 2,2 milhões de toneladas e 14,4% do mercado internacional, na frente de países como Austrália, Estados Unidos e Índia.
O bom desempenho nas exportações acaba diminuindo, invariavelmente, a oferta no mercado interno. Com a impossibilidade de venda para a China, um dos maiores compradores de carne bovina brasileira, o aumento da disponibilidade interna impactou diretamente no preço praticado pelos mercados.
“Com a suspensão das importações pela China, a oferta da carne de segunda aumentou no Brasil. Isso fez com que os preços caíssem em média 26%. Em um momento de inflação, essa é uma notícia animadora para o bolso do consumidor”, disse Fábio Queiroz, presidente da Asserj.
A alta de preços vista nos últimos meses, no entanto, ainda afeta diretamente o orçamento dos consumidores. A grande questão por trás dos patamares elevados da carne bovina no país pode ser explicada com as mudanças no setor durante a pandemia, afirma o economista e professor do Ibmec Tiago Sayão.
“Muitos frigoríficos, durante a pandemia, acabaram ajustando suas plantas industriais para abastecer exclusivamente o mercado internacional. (...) Quando você pensa no pecuarista, ele vai avaliar como vai vender o quilo da carne [no mercado interno] comparando a renda que ele recebe em dólar. Como você tem uma diferença expressiva na taxa de câmbio, isso acaba aumentando os preços no mercado interno”, explica o economista.
O grande problema em relação a basear esse mercado no ganho com a moeda estrangeira, é a dificuldade na redução de preços nas outras etapas. No caso da pecuária, a possibilidade de diminuição das margens praticadas por supermercados é muito inferior à da indústria, pontua o especialista.
“O varejo sempre vai trabalhar com margens muito pequenas, porque o ganho sempre acaba sendo nas etapas anteriores. A relação entre o pecuarista, o frigorífico e a indústria detém a maior possibilidade de aumento das margens. Por ser uma commodity, ele vai sempre avaliar a possibilidade de aumentar essa margem vendendo no mercado internacional”, afirma.
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