Primeiro passo é verificar as dívidas, colocando tudo na ponta do lápis, para calcular o valor total que precisa ser pago e utilizado com o 13º salárioMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Com a liberação do 13º salário, especialistas recomendam usar o dinheiro para renegociar dívidas
Cerca de 83 milhões de trabalhadores começam a receber a partir desta terça-feira. Rendimento de cada brasileiro deve ser, em média, de R$ 2.539
Cerca de 83 milhões de trabalhadores brasileiros de empresas privadas começam a receber a partir desta terça-feira, 30, a primeira parcela do 13º salário deste ano, que representa metade da remuneração bruta dos empregados. De acordo com estimativas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o pagamento deverá injetar na economia brasileira cerca de R$ 232,6 bilhões até o final do mês que vem e o rendimento a cada trabalhador, em média, de R$ 2.539. Com o dinheiro em mãos, a atenção tem que ser primeiro nas dívidas em aberto. Por isso, os especialistas recomendam uso do benefício para a quitação de débitos.
"Estamos em um momento bem difícil da economia e muitas pessoas podem ter se endividado nos últimos meses. Dessa forma, uma atenção especial às dívidas contraídas no passado deve ser foco de atenção”, orienta Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).
O primeiro passo é verificar as dívidas, colocando tudo na ponta do lápis, para calcular o valor total que precisa ser pago. O caminho é procurar a instituição para renegociar o débito sempre focando numa redução considerável do valor. "O 13º pode e deve ser utilizado para quitar as dívidas acumuladas. Nesse período do ano, empresas e bancos fazem campanhas com essa finalidade", explica o especialista em Finanças e planejador financeiro, Marlon Glaciano.
Com a renegociação de dívidas, os consumidores têm a oportunidade de conseguir bons descontos se optarem por pagar à vista. Assim, conseguem também reduzir ao máximo o valor do endividamento.
Para quem tem muitas dívidas, a recomendação é priorizar o pagamento da dívida mais cara, ou seja, aquela que possui taxa de juros mais alta.
"Pense que ao negociar uma dívida, normalmente, temos atrelado a ela uma taxa de juros fazendo com que o valor pago seja maior do que o tomado no longo prazo. Se fizer a quitação dessa dívida, o consumidor poderá diminuir a taxa de juros", afirma Glaciano.
No caso dos trabalhadores sem contas em aberto ou empréstimos com parcelas atrasadas, o especialista em finanças indica o uso do pagamento como uma reserva de emergência. "Algumas pessoas costumam utilizar para aumentar a reserva de investimentos de longo prazo como a Previdência, no caso dos mais planejados", explica Glaciano. Mas também há quem queira em investimentos com resgate imediato, que apresentam baixa taxa de administração.
Balistiero lembra que os trabalhadores não podem dar um passo maior que a perna e investir o dinheiro em pagamentos que podem trazer dívidas ou mais, no caso dos já endividados. “É essencial que as pessoas tenham em mente que o 13º é um aumento de renda temporário, não permanente. O cuidado para equilibrar as contas e não gastar mais do que está efetivamente recebendo é muito importante. Caso contrário, o subsídio pode acabar se tornando uma armadilha”, completa ele.
Injeção na economia
O montante de R$ 232,6 bilhões que deve ser injetado na economia representa aproximadamente 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Dos cerca de 83 milhões de brasileiros que devem ser beneficiados com o pagamento do 13º salário, 51 milhões, ou 61% do total, são trabalhadores no mercado formal, entre eles, os empregados domésticos com carteira de trabalho assinada, que somam 1,3 milhão, equivalendo a 1,6% do conjunto de beneficiários.
Os aposentados ou pensionistas da Previdência Social (INSS) correspondem a 32,3 milhões, ou 38,7% do total. Além desses, aproximadamente 1 milhão de pessoas (ou 1,3% do total) são aposentadas e beneficiárias de pensão da União (Regime Próprio). Há ainda um grupo constituído por aposentados e pensionistas dos estados e municípios (regimes próprios) que vai receber o 13º e que não pôde ser quantificado.
Do montante a ser pago como 13º, aproximadamente R$ 155,6 bilhões, ou 66,9% do total, irão para os empregados formais, incluindo os trabalhadores domésticos. Outros 33,1% dos R$ 233 bilhões, ou seja, cerca de R$ 77 bilhões, serão pagos aos aposentados e pensionistas. Considerando apenas os beneficiários do INSS, são 31,3 milhões de pessoas, que receberão R$ 45,4 bilhões. Aos aposentados e pensionistas da União serão destinados R$ 11 bilhões (4,7%); aos aposentados e pensionistas dos Estados, R$ 15,8 bilhões (6,8%); e aos aposentados e pensionistas dos regimes próprios dos municípios, R$ 4,7 bilhões.
Distribuição por região
Distribuição por região A parcela mais expressiva do 13º salário (49,3%) deve ser paga nos estados do Sudeste, região com a maior capacidade econômica do país e que concentra a maioria dos empregos formais e aposentados e pensionistas. No Sul devem ser pagos 17,2% do montante e no Nordeste, 15,4%. Já às regiões Centro-Oeste e Norte cabem, respectivamente, 8,5% e 4,8%. Importante registrar que os beneficiários do Regime Próprio da União receberão 4,7% do montante e podem estar em qualquer região do país.
O maior valor médio para o 13º deve ser pago no Distrito Federal (R$ 4.541) e o menor, no Maranhão e Piauí (R$ 1.691 e R$ 1.729, respectivamente). Essas médias, entretanto, não incluem o pessoal aposentado pelo Regime Próprio dos estados e dos municípios, pois não foi possível obter esses dados.
Pagamento do 13º salário
A advogada trabalhista Cátia Vita explica que o cálculo para o pagamento do 13º deve considerar o salário e também as chamadas verbas de natureza salarial que o funcionário recebe ao longo do ano. "Entre elas estão comissões, horas extras, adicional noturno, de periculosidade e de insalubridade", diz ela
A cada mês em que trabalha pelo menos 15 dias, o empregado tem direito a 1/12 do salário total de dezembro. "Assim, para aqueles empregados que não trabalharam todo o período do ano, o 13º salário será proporcional aos meses trabalhados", explica Cátia.
No caso dos trabalhadores temporários, eles têm os mesmos direitos que os funcionários contratados pela CLT. Mas é claro vale ressaltar que o benefício será proporcional ao período trabalhado.
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