As altas taxas de administração, conservadorismo e até mesmo medo de perder o dinheiro afastam os brasileiros dos bancos tradicionaisImagem de internet

O saldo total da carteira de crédito deve mostrar ligeiro recuo de 0,2% em janeiro, após 11 meses seguidos de expansão, um desempenho marcado por forte componente sazonal, com típica retração das operações para as empresas no mês. Apesar do resultado, a expansão da carteira em 12 meses deve permanecer praticamente estável em 16,4% (ante 16,5% em dezembro de 2021).
A Pesquisa de Crédito da Febraban é divulgada mensalmente como uma prévia da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central e as projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país, que representam de 38% a 88% do saldo total do Sistema Financeiro Nacional, dependendo da linha, além de outras variáveis macroeconômicas que impactam o mercado de crédito.
“Mesmo em um cenário de arrefecimento da atividade econômica, inflação elevada, taxa Selic alta e ainda um aumento dos casos de Covid-19 no começo do ano, os resultados para a expansão anual da carteira total de crédito continuam em patamar elevado, acima de dois dígitos, mostrando que a oferta segue em ritmo importante neste início do ano”, avalia Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban. 
De acordo com a pesquisa, o recuo do mês deve ser liderado pela carteira pessoa jurídica, que deve desacelerar 1,4%, com maior impacto da carteira livre (-1,7%). A carteira direcionada também deverá recuar, 0,8%, em janeiro. Apesar das estimativas, a carteira pessoa jurídica deve seguir apresentando expansão anual de dois dígitos, na faixa de 10,6% (ante 11,1% em dezembro).
A retração de janeiro é decorrente de fatores sazonais, como a redução das operações ligadas ao fluxo de caixa, desconto de duplicatas e recebíveis e antecipação de faturas de cartão, em função do menor movimento do comércio no mês, arrefecimento que é natural após as festas de fim de ano.
Já a carteira pessoa física deve crescer 0,7% em janeiro, com nova aceleração no ritmo de expansão anual, para 21,0%, o maior desde setembro de 2011 (+21,2%). A alta esperada da carteira direcionada é de 1,0%, enquanto para a carteira livre, o avanço será mais modesto, de 0,5%, impulsionada nesse caso pelas linhas de crédito pessoal e rotativas.
Concessões
Também impactada por fatores sazonais e do cenário de piora das condições econômicas, as concessões de crédito devem cair 16,2% em janeiro. Entretanto, considerando o valor ajustado por dias úteis, o recuo deverá ser de 8,2%. Na visão acumulada, no entanto, o volume concedido segue em terreno positivo, acelerando para uma expansão de 22,7% em 12 meses.
As concessões com recursos livres devem recuar 14,7% ante dezembro, afetadas por questões sazonais de linhas ligadas ao comércio. O elevado volume de concessões no mês anterior, em função das compras de Natal e eventos de fim de ano, afeta a comparação entre os meses.
Para as empresas, o resultado do mês reflete as liquidações sazonais das modalidades relacionadas ao fluxo de caixa, como descontos de duplicatas e recebíveis e antecipações. Já para as famílias, há expectativa de menores concessões no cartão de crédito à vista.
Segundo a pesquisa, as concessões com recursos direcionados devem apresentar uma queda ainda mais expressiva, de 30,4%. O resultado também é impactado por questões sazonais, como o menor volume de concessões do crédito rural e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).