Entre os entrevistados, 32% afirmaram que havia pelo menos uma pessoa de sua residência com dívidas em atrasoReprodução

Rio - Os moradores endividados do Rio de Janeiro fizeram com que o estado ocupasse a quinta posição das unidades da federação com maior taxa inadimplência em todo o Brasil, com 47,64%. O Sudeste ainda se destacou como a região com maior número de devedores do país. É o que diz o levantamento feito pela Serasa e divulgado na semana passada. Em meio ao cenário altamente instável e de juros altos, especialistas como os consumidores criam uma bola de neve com as dívidas e dão dicas de como limpar o nome e sair da inadimplência. 
Além do Rio, São Paulo ficou com a segunda posição de estado mais inadimplente no Sudeste, apresentando 42,3% da população. Em seguida, Espírito Santo com 41,0% e, pouco depois, Minas Gerais com 38,1% de devedores. Quando se fala em todas as unidades federativas do país, os locais com maior inadimplência antes do Rio foram esses: Amazonas (52,30%), Amapá (48,32%), Distrito Federal (48,04%) e Mato Grosso (47,67%).

Rodrigo Leite, professor de finanças e controle gerencial do Coppead/UFRJ, explica que, ao mesmo tempo que o Rio mantém a volta dos serviços no pós pandemia, há também muitas empresas reduzindo o número de trabalhadores. O especialista ainda ressalta que não é momento para fazer grandes investimentos. “Assim, os moradores do Rio devem entender que esse não é um momento para se fazer grandes dívidas ou compras, talvez com exceção de compra de imóvel financiado. Além disso, é importante a criação de uma reserva de emergência para eventualidades, a fim de se evitar a necessidade de contrair empréstimos”, alerta.
Já para Graziela Fortunato, especialista em finanças pessoais e professora do IAG - Escola de Negócios PUC-Rio, o cenário é desfavorável para o carioca que está enfrentando uma dívida. "O cenário é totalmente desfavorável para quem está endividado, pois os juros estão ficando ainda mais caros, a Selic está subindo, por que o Banco Central definiu essa subida, isso é uma medida para conter a inflação. Então não tem jeito quem está endividado vai sofrer sempre mais com essa subida da Selic. Lembrando que o aumento da Selic é um remédio amargo para tentar conter a inflação", diz a professora.
O número de inadimplentes no estado do Rio de Janeiro é de 6,39 milhões, o maior desde o pico no início da pandemia. Já na capital, são 2.539.329 devedores, crescimento de 9,13% desde o último ano. As principais dividas dos Cariocas estão relacionadas aos cartões de crédito e aos bancos.
Apresentando uma perspectiva para os inadimplentes, Fortunato mostra que o consignado pode ser uma alternativa para o enfrentamento. "Para quem está endividado a solução é tentar fazer economia nos gastos mensais para saldar a dívida o mais rápido possível, por que ela irá ficar mais pesada no bolso. Uma outra solução é observar a taxa de juros da dívida atual, pois tem muita gente que tem dívida no cartão de crédito com os juros muito maiores do que os que seguem na economia. Os juros do cartão de crédito são super caros. Tentar mudar essa dívida mais cara para uma dívida mais barata. Então você pode pegar dinheiro emprestado com juros menores para pagar as dívidas dos juros caros. É como que faz isso? O consignado é uma solução, pois possuem juros um pouco mais baratos", informa a especialista. 

Especialistas alertam que os maiores vilões dos endividados seguem sendo os cartões de crédito e o cheque especial. Leite afirma ainda que com o novo aumento dos juros, os consumidores podem esperar taxas altíssimas na hora da cobrança. “Os maiores vilões com relação às dívidas são o rotativo do cartão de crédito e o cheque especial. O Copom acabou de aumentar os juros para 11,75% ao ano, o que fará com que esses tipos de dívida, que já possuem juros altíssimos, tenham aumentos nas suas taxas. A melhor forma de se evitar cair nessas armadilhas é pagar as contas em dia e fazer um orçamento a fim de constituir uma reserva de emergência”, afirma o professor.
Já para Fortunato, o maior vilão é a desinformação. "O vilão principal do consumidor é a falta de educação financeira. As pessoas não tem nem noção do que estão pagando de juros, às vezes as pessoas pegam dinheiro emprestado e não tem noção do que tem que pagar depois", alerta.
Além de queixas referentes aos cartões de crédito, quase 60% das famílias de baixa renda começaram a ano de 2022 inadimplentes, de acordo com um quesito especial da Sondagem do Consumidor apurada pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Desses, cerca de 30% dos consumidores afirmam que suas dívidas são de juros por atraso de pagamento. Entre os principais motivos apontados para o atraso no pagamento de dívidas, estão a inflação e a dificuldade em aumentar a renda.
Fortunato ainda ressalta que alta dos devedores é resultado da falta de empregos. "A inadimplência é fruto dessa dificuldade do mercado de trabalho. As pessoas não tem emprego, estamos numa taxa de desemprego alta. E se não tem renda a solução para pagar as contas básicas do dia a dia é acabar se endividando às vezes entrando no cheque especial", conclui.
Como manter o nome limpo
Em meio a alta dos inadimplentes, o Feirão Limpa Nome Online da Serasa é uma possibilidade para quem está tentando renegociar suas dívidas. O cliente pode consultar suas dívidas, negocia e fecha acordos. Mais de 33 milhões de dívidas com descontos de até 99% e 22 milhões de dívidas podem ser reduzidas a R$ 100 ou menos.
Para Leite, os consumidores devem elaborar um orçamento assim que pretendem assumir uma grande compra. “A primeira coisa é fazer um orçamento no qual haja um superávit para constituição de reserva de emergência. O segundo é evitar compras de supérfluos nesse momento, tais como troca de celular, televisão ou automóvel", diz o professor.
Graziela Fortunato alerta o primeiro passo é tentar negociar a dívida. "Negocie a dívida com a instituição com a qual você contraiu a dívida em duas alternativas: negociar um prazo maior para caber no seu orçamento e que as parcelas fiquem menores ao longo do tempo, mas que você pagará por mais tempo. A segunda dica é tentar negociar um desconto a prazo ou até antecipar a dívida com um bom desconto no valor final, essa é a melhor escolha para sanar a dívida de uma vez", aconselha a especialistas.
A especialista ainda alerta que o consumir deve evitar taxas de empréstimos mais caras. "Muitas pessoas estão se endividado no cartão de crédito ou cheque especial, que são dívidas muito caras e que viram bola de neve. Então é possível pegar um empréstimo consignado ou usar essa nova linha de microcrédito que o Governo está oferecendo para pagar a dívida cara e tentar organizar as finanças", conclui a educadora.
Confira o passo a passo
Inicialmente, ao acessar o site www.serasa.com.br ou baixar o aplicativo no celular, digite o CPF e faça um breve cadastro. Com isso, é possível usar os serviços com a garantia de que só você tem acesso aos seus dados. O consumidor também pode regularizar débitos financeiros pelo WhatsApp por meio do número: (11) 99575-2096.
Em seguida, ao entrar na plataforma, todas as informações financeiras do consumidor já aparecerão na tela devidamente explicadas, incluindo as dívidas que tiver. Se quiser conhecer as condições oferecidas para pagamento, basta clicar para ser direcionado até uma nova página, onde serão apresentadas diversas opções para renegociar cada débito.
Depois de escolher uma das alternativas de valor, é só escolher se vai ser à vista ou em parcelas e a melhor data de vencimento.
Por fim, a plataforma da Serasa gera um ou mais boletos, com base na forma de pagamento escolhida, já com a data de vencimento que a pessoa selecionou. Com o boleto, o consumidor pode pagar diretamente pelo aplicativo do banco que tiver conta ou imprimir e pagar na agência ou nas casas lotéricas.
*Estagiária sob supervisão de Marina Cardoso