Bandeiras pedem as empresas o ganho mínimoMarcos Porto/O Dia

Rio - No mesmo dia em que os moradores do Rio enfrentam uma greve dos rodoviários, entregadores e motoristas de aplicativos realizam uma paralisação na manhã desta terça-feira, 29, no Centro do Rio. Os manifestantes reivindicam o reajuste da tarifa mínima e pedem melhorias nos serviços e condições de empresas, como Uber, 99, Rappi e iFood.
Os motoristas criticam os baixos valores de repasses feitos pelas empresas. De acordo com a categoria, sobretudo após o aumento no preço dos combustíveis, os aplicativos devem reajustar o pagamento dos trabalhadores independentes.

Entre os pedidos estão fixar a porcentagem que a Uber recebe por corrida em 20%, mudanças nas corridas mínimas no valor de R$ 6,50 para R$ 10, o reajuste nas taxas por quilômetro rodado: R$ 2 em corridas de categorias “X”, R$ 2,40 para “Confort” e R$ 3,20 para viagens “Black”.
Além disso, há outros pedidos como pagamento do tempo em corrida para R$ 0,20 o minuto, pagamento do deslocamento até o passageiro, mostrar o local de destino sem incluir sub-bairros, câmeras em todos os carros de motoristas mulheres, fim do preço fixo, com cobrança em qualquer mudança de trajeto, e mostrar detalhamento de valores de todas categorias de corridas. O Sindicato dos Prestadores de Serviços por Aplicativos (SindMobi) encaminhou as reivindicações no escritório da Uber no Centro da Cidade e da 99 nesta terça-feira.
A paralisação teve início por volta das 8h da manhã, no Aeroporto Santos Dumont, ponto tradicional de motoristas que buscam passageiros, e percorreu diversas vias do Centro do Rio. O objetivo dos motoristas que faziam a carreata era chegar até a sede da Uber, na Avenida Presidente Vargas. A Polícia Militar acompanhou os manifestantes durante toda a ação.

Por conta disso, os motoristas ocuparam um trecho e a pista lateral direita, sentido Zona Norte, entre a Rua Uruguaiana e a Avenida Passos, precisou ser bloqueada no fim da manhã desta terça-feira. Uma faixa verde e amarela foi estendida no asfalto em prol do ato dos trabalhadores.
 
O presidente do SindMobi, Luiz Corrêa, afirma que os motoristas estão sendo lesados e que há corridas que as empresas descontam até 50%. "Durante os últimos anos, 35% da categoria deixaram de trabalhar como motorista de aplicativo. A nossa pauta é aumento dos ganhos. As empresas aumentaram as corridas para os passageiros e diminuíram os ganhos dos motoristas. A taxa de desconto é alta, eles recebem do passageiro em horário dinâmico um valor multiplicador, mas não repassam para o motorista", destaca ele.
Os atos de paralisação acontecem em todo o território nacional. Em São Paulo (SP), Santos (SP), Belo Horizonte (MG), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA), Recife (PE), Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR). E no Rio, além da capital, as ações acontecem na Baixada Fluminense, em Duque de Caxias, São João de Meriti, Belford Roxo e em cidades na Região dos Lagos.
Procurada pelo O DIA, a 99 afirmou que está disponível para estabelecer um diálogo com o trabalhador. "Diante dos aumentos no preço dos combustíveis e dos impactos gerados nos ganhos dos motoristas parceiros, o aplicativo 99 lançou um auxílio no ganho do motorista que aumenta sempre que a gasolina sobe. Com isso, a empresa adiciona R$ 0,10 por quilômetro rodado para cada R$ 1 de aumento do combustível. No Rio de Janeiro, em uma corrida de 12 km, que gasta 1 litro na média para carro popular, o reajuste será de R$ 2,04. Um valor maior do que os R$ 1,69 que o motorista paga hoje pelo combustível", disse a empresa.
A Rappi informou que o reajuste se deve ao aumentos do preço dos combustíveis. "A empresa realizou ajustes nas tarifas recebidas pelos entregadores independentes. A taxa recebida por pedido era, em média, de R$6,30, em junho de 2021, e atualmente está na faixa de R$8,80, refletindo um aumento de 40% no período" concluiu a nota.
A empresa ainda ressalta que respeita a manifestação pacífica dos entregadores e diz que pretende manter um diálogo em busca de soluções para favorecer os trabalhadores.
Em nota, a Uber também informou que lançou medidas para ajudar a mitigar os custos dos motoristas parceiros com a mais recente alta dos combustíveis. "Estão sendo investidos cerca de R$ 100 milhões em iniciativas como promoções de ganhos adicionais e parcerias que ajudam a reduzir os custos dos parceiros, além de um reajuste temporário no preço das viagens. O preço das viagens intermediadas pela plataforma foi reajustado temporariamente em 6,5%, com o objetivo de ajudar os motoristas parceiros a lidar com o pico de alta em seus custos operacionais", declarou a empresa.
O Ifood afirmou que respeita a manifestação e que mantém o compromisso de diálogo aberto com os entregadores. "Neste ano, foi anunciado em março um reajuste de 50% do valor mínimo do quilômetro rodado (R$1 para R$ 1,50) e da taxa mínima (de R$ 5,31 para R$6), e para garantir mais transparência, foram feitas mudanças na comunicação sobre a sinalização de causas de restrição, ativação e desativação da plataforma", disse a empresa de delivery.
*Estagiária sob supervisão de Marina Cardoso