O agente de talentos Bruno De Paula, 36 anos, viralizou nas redes ao compartilhar o relato de golpes em contas bancárias após ter sido furtado. Bruno tinha acabado de retornar de viagem e estava dentro de um táxi quando o furto aconteceu, através da janela do carro. Com o celular desbloqueado, os criminosos acessaram as contas do agente e o prejuízo chegou R$ 160 mil.
O desespero bateu, mas ninguém sabe minhas senhas e nunca anotei.
Minhas contas no @BancodoBrasil e @nubank são com reconhecimento fácil, não tem como entrar.
Cheguei em casa e peguei um cel velho que tinha. Preocupado com meu e-mail, entrei no Nubank só pra ver. 27 mil Reais: pic.twitter.com/PinBO5OdKm
Ao perceber as movimentações, Bruno entrou em contato com a operadora de celular e com os bancos nos quais tinha conta. Apesar de ter feito o aviso, segundo ele, compras continuaram sendo feitas e altos valores continuaram sendo movimentados.
Com o celular desbloqueado, os criminosos conseguiram mudar todas as senhas de Bruno em contas como Gmail, iCloud e aplicativos de entregas de comida. Com o número da linha, também burlaram os sistemas dos bancos, realizaram operações bancárias e resgataram investimentos de curto prazo.
O agente de viagens afirma ter tentado resolver a situação direto com os bancos, mas sem sucesso. Somente após a publicação viralizar, uma semana depois do furto, que as empresas entraram em contato e Bruno conseguiu o estorno dos valores.
Erica Bakonyi, advogada e pesquisadora do Centro de Tecnologia e Segurança da Fundação Getúlio Vargas, afirmou, em entrevista ao O DIA, que casos como esse tem sido cada vez mais comuns. A advogada deu dicas de proteção para que o consumidor possa aumentar a segurança nos meios digitais.
"Furtos com o celular desbloqueado tem sido muito reportados. A primeira ação a ser tomada é ativar a função de bloqueio automático da tela em pouco tempo. Isso vale para o celular e para o computador. Além disso, é importante evitar senhas simples e fazer uma troca periódica de senhas", disse Erica.
A pesquisadora recomendou, também, a diminuição do uso de aplicativos de bancos em aparelhos que estejam expostos aos perigos nas ruas. "Os smartphones são confortáveis por podemos usar as nossas contas em qualquer lugar, mas esse acesso facilitado pode nos expor a vários riscos", justificou.
Em casos como o de Bruno, a advogada recomendou que todos os documentos comprovando as tentativas de contato com o banco sejam salvos, e ressaltou, também, a importância de fazer um boletim de ocorrência assim que possível. Além de alertar as autoridades, o boletim de ocorrência também pode ser utilizado em caso de ação judicial.
"É, sim, dever do banco, após ser comunicado da fraude, entender se o que aconteceu foi por uma falha de segurança da própria empresa. Além do direito de ser ressarcido, existe a possibilidade de entrar com uma ação indenizatória por danos morais, devido ao estresse da situação", explicou.
Edgar Gurgel, doutor em Engenharia de Sistemas e Computação pela UFRJ, deu mais algumas dicas para reforçar a proteção no celular.
"Existem alguns aplicativos que usam reconhecimento facial, como os de bancos e cartões de crédito. É mais seguro desabilitar a função. Além disso, alguns aplicativos permitem que você faça confirmação de dados por SMS. O ideal é fazer sempre a confirmação por e-mail e deixar logado em outro dispositivo", sugeriu.
Em caso de roubo ou furto, Edgar Gurgel ressaltou a importância de manter o backup ativo e atualizado, para que os dados possam ser acessados e controlados mesmo que de forma remota.
"É recomendado deixar sempre ativada a função de buscar o celular. Caso seja roubado, você pode encontrar o celular, bloquear ele e ainda apagar os dados, mesmo de longe. Para isso, é necessário manter sempre o backup ativo e conectado na nuvem", afirmou.
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