Presidente do Banco Central, Roberto Campos NetoMarcelo Camargo/Agência Brasil
Campos Neto afirma que há contaminação de outros setores pela alta dos combustíveis
Presidente do BC disse que nenhum banqueiro central gosta de aumentar os juros, mas destacou que o risco de não agir pode exigir uma alta posterior nos juros
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira, 31, que o tema dos preços dos combustíveis influencia muito as decisões do BC. "Começamos a ter uma contaminação de outros setores pela alta dos preços dos combustíveis. É um preço global. Os governos colocaram US$ 9 trilhões nas mãos das pessoas (durante a pandemia) em 13 meses. As pessoas começaram a consumir mais bens, o que também aumenta a demanda por energia. Para produzir bens, você consome quatro vezes mais do que o setor de serviços", repetiu, em audiência pública extraordinária na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados.
Campos Neto voltou a dizer que, devido à migração para a política de energia verde em todo o mundo, nem o mercado de capitais nem os bancos estão financiando ao aumento da produção de combustíveis fósseis, que teriam uma resposta mais rápida.
"O choque de alimentos e combustíveis é positivo para o Brasil por sermos um país exportador, mas esse choque tem um custo social elevado. Está aumentando os preços de combustíveis e alimentos para a população que já sofreu durante a pandemia. O Brasil está ficando mais rico com o choque de commodities, mas há esse problema social a ser endereçado. Mas esse problema é do governo e não do Banco Central", enfatizou o presidente do BC.
Ele admitiu que há uma grande contaminação de diversas cadeias pela alta inflação no Brasil. "A inflação de núcleos já chega a 10%. É uma inflação de energia e alimentos, que apesar de serem itens voláteis, quando ficam em alta por muito tempo começam a impactar a cadeia."
Mais uma vez, o presidente do BC alegou que nenhum banqueiro central gosta de aumentar os juros, mas destacou que o risco de não agir pode exigir uma alta posterior nos juros que levaria o País a uma "recessão enorme" à frente.
"Nenhum BC do mundo acha confortável subir juro, é muito ruim, freia a economia. Há dois erros por BC subir demais os juros ou subir de menos. Subir de menos os juros acaba levando a pagar preço grande de recessão na frente. Nosso trabalho é fazer máximo possível para inflação chegar à meta e sempre pensamos como podemos fazer para afetar o mínimo a economia. Entendemos que a inflação é o pior risco para a distribuição de renda", disse Campos Neto aos parlamentares.
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