Epicentro promete potencializar a indústria criativa suburbana, gerando emprego, renda e oportunidades para os jovens da regiãoDivulgação

Rio - Um projeto que vai "além do túnel" que separa as zonas Norte e Sul do Rio de Janeiro. É com essa analogia que o head e diretor da Duto — agência de mídia desenvolvedora de negócios —, Marcello Dughettu, resume a ideia do Epicentro, uma iniciativa que visa a potencializar a indústria criativa no subúrbio da cidade, gerando emprego, renda e oportunidades para os moradores da região. Com apoio da Secretaria Especial da Juventude Carioca, o programa será composto por quatro ações: o Espaço Maker, clube com programação de arte, cultura e entretenimento; a Conferência, encontro voltado para negócios de impacto socioeconômico; um festival que vai fomentar a música independente por meio de capacitação, promoção e conexões neste mercado; e a Aceleradora de Alimentos, que impulsionará os empresas do ramo alimentício em Madureira e seus arredores. 
"O Epicentro é um amplificador do subúrbio do Rio, já que não temos um espaço para nos desenvolver. A ideia central é gerar oportunidades de desenvolvimento 'onde as ideias nascem (na periferia) e não onde elas acontecem' (em bairros nobres). Temos muitos trabalhadores talentosos, mas que, pela conjuntura social e econômica, não conseguem colocar o próprio negócio em escala de mercado. O nosso objetivo é que os participantes saiam aplicando o que aprenderam aqui", diz Dughettu.
Entre as iniciativas, a Aceleradora de Alimentos de Madureira busca dar prosseguimento ao projeto. Durante seis meses, dez empreendedores  selecionados terão acesso a atividades para desenvolver os próprios empreendimentos. A cada etapa da aceleração, os participantes terão que realizar entregas de um plano de negócio para avaliação da sua evolução. No final, o mais bem avaliado receberá um aporte financeiro de R$10 mil para investir no seu negócio. O início do projeto, que conta com apoio do Sebrae, está previsto para 8 de outubro.
"Temos muitos negócios que ainda não são formalizados. Além disso a maioria opta por começar um negócio no ramo de alimentos, pois leva em consideração o fato de que todo mundo precisa comer e que, por isso, será mais fácil vender. Só que, na realidade, muitos empreendimentos duram entre três e seis meses e os que sobrevivem não se formalizam", explica a empresária, engenheira de alimentos e CEO da aceleradora, Lorena Coimbra.
"Outro ponto é que a região na qual trabalhamos não possui uma grande oferta de alimentos saudáveis devido a questões socioeconômicas. Isso acaba fazendo com que os alimentos ofertados sejam produtos com alto índice glicêmico, como carboidratos e gorduras, que são geradores de doenças como diabetes e hipertensão. Logo, a aceleradora vem para cobrir essas duas oportunidades: fazer com que negócios das zonas Norte e Oeste possam ofertar mais alimentos saudáveis e proporcionar a aquisição de conhecimento de negócio para uma futura formalização desses trabalhadores. Dessa maneira, fortalecemos a economia local, a segurança alimentar e o empreendedorismo no subúrbio", pontua Coimbra.
De acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE) em julho deste ano, há hoje no país 39,3 milhões de trabalhadores informais, o que representa quase 40% da população ocupada. Já os segmentos onde atuam o maior número de informais no Rio estão: construção (18,5%); comércio (18,2%); outros segmentos (15%); transporte, armazenagem e correio (12,2%) e alojamento e alimentação (10,3%). 
Lançamento
A primeira ação física do Epicentro acontece no dia 20 de outubro. O evento chamado "Marco Zero" vai marcar o lançamento do projeto, além de apresentar o calendário de ativações, dar início a programação de atividades do espaço e abrir a contagem regressiva para os 410 anos de Madureira, que acontece em 24 de maio de 2023. 

"O Rio de Janeiro vive, hoje, sua maior população jovem e sua maior taxa de desemprego na juventude. É urgente que a sociedade faça um pacto de proteção aos jovens, um pacto capaz de envolver o poder público, a iniciativa privada e a sociedade civil. Por isso, por meio de parcerias como essa com o Duto, buscamos transformar a vida dos jovens, permitindo que eles voltem a sonhar. Juntos, vamos trazer uma melhoria no macro ambiente do bairro e aproximar das oportunidades de trabalho", comenta o secretário da Juventude da Prefeitura do Rio de Janeiro, Salvino Oliveira.
Informal deve buscar a formalização, aconselham especialistas
A busca pela formalização tem se tornado uma realidade. Segundo a Junta Comercial do Rio de Janeiro (Jucerja), somente em agosto deste ano 6.292 empresas foram abertas. Já o mês de julho registrou um recorde: foram 6.970 novas firmas. Essa formalização é justamente o que especialistas em negócios indicam que os informais devem buscar.
"Formalizar um negócio o torna mais seguro e com possibilidades de crescimento. Quando se tem um 'número', seja um CNPJ ou um MEI, o trabalhador tem 'chaves de portas especiais' que somente são abertas com essa oficialização. Então, a preocupação de formalizar deve ser latente, desde o momento em que decidiu iniciar seu negócio", aconselha o consultor de empreendedorismo e negócios, Alexander Costa.
Já a educadora financeira Nathália Nogueira chama a atenção para a necessidade do equilíbrio financeiro. "Empreender deve ser algo contínuo. No pós-pandemia, muitos resultados e dificuldades foram expostas e, por isso, é importante aprender a se adequar. A principal dica é: equilíbrio financeiro. Essa precisa ser a maior prática de um empreendedor independente do seu porte de negócio", frisa.
Especialista em Marketing e Vendas, Augusto Vieira, lembra que uma das chaves para o crescimento de um negócio é a valorização do cliente. "Tornar o negócio um sucesso, é um desejo de todo empreendedor. Por isso, ele deve ter em mente que o maior tesouro dele é o cliente. É ele que vai comprar, testar e recomendar o seu produto. Se ele não é bem recebido, toda expectativa de venda vai por água abaixo. O relacionamento com ele e a primeira impressão são fundamentais para fidelizá-lo", diz.
Vieira também dá algumas dicas sobre como fidelizar a clientela sem gastar muito. "É importante que façam o básico do bom atendimento ao cliente e da gestão empresarial: ser educado, carismático, ouvir e entender a necessidade do cliente, focar em vender uma experiência e não somente um produto, atender o seu cliente com cordialidade, tirar as suas dúvidas com exatidão, ter pontualidade com a entrega do serviço ou produto, ser transparente quanto a todo o processo de compra e buscar dar atenção às dores que os clientes precisam que sejam solucionadas. Fazendo isso, o empreendedor já sairá na frente de muitas empresas que deixam de lado essa parte humanizada e organizada que fazem toda diferença", finaliza.