Onda conservadora no Congresso Nacional impulsiona o índice Ibovespa Sergio Lima

O otimismo dos investidores no Brasil impulsionou nesta segunda-feira, 3, uma alta superior a 5% da bolsa de São Paulo, após o bom resultado do presidente Jair Bolsonaro (PL) em eleições nas quais uma onda conservadora avançou paralelamente no Congresso.
O Ibovespa, principal índice da praça, registrou alta de 5,54% no fechamento e a cotação do dólar recuou 4,26% para R$ 5,17 desde o fechamento na sexta-feira.
Parte do impulso na bolsa se explica pela escalada das ações da Petrobras, que fecharam em alta de 7,99%.
No domingo, as eleições apresentaram um resultado surpreendente, com o presidente alcançando 43,20% dos votos contra 48,43% para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), do PT.
A diferença entre os dois ficou em cinco pontos percentuais, longe dos 14 pp antecipados pelas pesquisas e, agora, a Presidência será definida no segundo turno, em 30 de outubro.
Mas a definição das legislativas gerou otimismo no mercado. Os movimentos do mercado se explicam, porque, "independentemente de quem vai ganhar o segundo turno, seja Bolsonaro ou Lula, vai ter que governar com um Congresso à direita", analisa o economista Igor Macedo de Lucena.
No Congresso, o Partido Liberal (PL), de Bolsonaro, ampliou sua base como a maior bancada da Câmara dos Deputados (de 76 para 99, quase um quinto do total). Tornou-se, além disso, a maior minoria no próximo Senado, ao somar oito novas vagas, e conta com 15 do total de 81 cadeiras na Casa.
Além disso, os partidos de centro também ganharam mais posições, assim como o PT de Lula, embora menos do que o esperado no caso deste último.
Esse equilíbrio de forças poderá reduzir a margem de manobra em um eventual governo do líder de esquerda, que encarna propostas consideradas preocupantes pelo mercado, com políticas favoráveis aos trabalhadores e a um Estado mais forte na economia.
"O mercado entende que, se houver uma vitória de Lula, ele não consegue fazer as mudanças drásticas que ele promete e, mesmo que haja uma vitória do presidente Bolsonaro, ele vai ter uma posição mais favorável do Congresso" para continuar com sua agenda liberal, diz Jason Vieira, economista-chefe da gestora de ativos Infinity Asset Management.
Segundo Lucena, Lula teria, por exemplo, dificuldades em alterar as regras de funcionamento do Banco Central, ou em revisar a reforma trabalhista.
Os investidores antecipam, por sua vez, "um possível avanço de Bolsonaro, se for reeleito, na agenda de privatizações e infraestrutura, e reformas, como administrativa e tributária", comentou Vieira.
Para manter a liderança e poder governar com a nova composição do Congresso a partir de 2023, "Lula precisa se aproximar de figuras que representem uma política econômica mais moderada", completou.
O apoio a Lula de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central em seu governo (2003-2010) e ministro da Economia de Michel Temer (2016-2018), foi bem recebido no setor financeiro.
Meirelles é defensor da disciplina fiscal, um dos aspectos da economia que mais preocupam os investidores diante de um possível aumento dos gastos - já elevados - em um eventual governo petista.