Dia da Poupança é comemorado nesta segunda-feira, 31Divulgação
Para Tiago Feitosa, analista e especialista em mercado financeiro, duas hipóteses podem explicar a movimentação. A primeira é que o dinheiro está saindo da poupança e migrando para investimentos mais rentáveis. "Desde 2020, a caderneta de poupança opera com o rendimento real e só agora está acima da inflação. Por isso, investidores têm procurado opções de maior retorno para colocar seu capital", explica.
A segunda suposição envolve a diminuição da renda média do brasileiro e o crescimento do endividamento das famílias. Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelou que, em setembro, 79,3% dos lares do país tinham contas em atraso e que a alta na inadimplência segue acelerada. “Pode ser que parte desse dinheiro tenha sido extraído da poupança para que as pessoas liquidassem suas despesas que são maiores que suas respectivas rendas”, explica Feitosa.
Apesar de a poupança ter apresentado ganho real nos últimos 12 meses, esse valor ainda não é expressivo para o investidor, pois ocorre apenas a reposição de perdas geradas pela inflação. "Estamos vivendo uma deflação circunstancial, causada pela redução de impostos, mas não há nenhum indicador que garante que ela continuará caindo, já existindo uma tendência de alta para os próximos anos", argumenta o especialista. "É preciso avaliar o comportamento da inflação neste final de ano e, principalmente, a partir de 2023, com o resultado das eleições presidenciais e as eventuais novas políticas econômicas", complementa.
"A poupança é considerada segura por dois motivos: é segurada pelo FGC (fundo garantidor de crédito) e é um investimento pós-fixado. Então o valor investido não varia para baixo (sem perda de dinheiro em termos nominais), apenas rende juros a cada mês", aponta. No entanto, para ele, atualmente não é vantagem apostar a poupança. "Hoje ela rende cerca de 8,4% ao ano, enquanto que um CDB de liquidez diária com características iguais, exceto a isenção de IR, rende cerca de 11,3% ao ano", afirma.
Historicamente, o rendimento da poupança é menor do que o de algumas aplicações em renda fixa. Aquele que opta pela caderneta a longo prazo acaba perdendo dinheiro para a inflação. Veja os três pontos que o investidor deve avaliar antes de sair da poupança e ir para outra aplicação do mercado financeiro, de acordo com Feitosa:
1 – Familiaridade com outro investimento: "Não é razoável tirar o dinheiro da caderneta de poupança do investidor que se sente confortável nela e alocá-lo em um produto desconhecido. É necessário que o cliente entenda a dinâmica de outros investimentos e esteja tranquilo com relação a esse passo".
2 – As necessidades do investidor com o dinheiro poupado: "Se existe a intenção de usar esse dinheiro ou parte dele no curtíssimo prazo, em menos de 90 dias, provavelmente é melhor para o investidor ficar na caderneta de poupança porque nela não há incidência de imposto de renda. Caso ele tenha planejado que esse capital fique além de três meses, existem outras opções no mercado financeiro que trarão mais retorno".
3 – Prazo: Se o investidor não tem horizonte de tempo e não sabe quando vai usar o dinheiro, mas eventualmente sabe que pode precisar dele para uma necessidade — ou seja, está poupando para uma reserva de emergência —, é recomendado que aloque o capital em títulos pós-fixados. "Eles possuem um risco de mercado menor e a chance de surpreender o cliente negativamente é muito pequena", explica.
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