Luiz Marinho afirmou que 'o enfoque é preservar empregos'Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou nesta segunda-feira, 30, que o governo federal não tem uma saída sobre como enfrentar, ao lado dos mais de 40 mil trabalhadores, a situação envolvendo a Lojas Americanas, que revelou há dias um rombo de R$ 20 bilhões nos seus balanços financeiros. O chefe da pasta se colocou à disposição para dialogar com a empresa ao lado dos sindicatos para encontrar o "melhor caminho" a ser trilhado.
"Esse é um assunto que preocupa muito. Nós estamos iniciando o governo, trabalhando de forma intensa, e o tema trabalho e emprego é estratégico, importante e faz parte das nossas prioridades", disse Marinho, em encontro na manhã desta segunda na sede da Força Sindical, em São Paulo.
O ministro ressaltou que o objetivo do encontro é ouvir as propostas dos representantes sindicalistas. "Podemos estar à disposição para dialogar junto com a empresa. É claro que é preciso muita sensibilidade nisso", ponderou.
Ao avaliar o rombo, ele afirmou que "aparentemente pode ter tido uma irresponsabilidade empresarial". Na visão de Marinho, isso representa um caso isolado, e não um problema sistêmico. Ele disse ainda que é fundamental conseguir um caminho de preservar a continuidade da atividade econômica da Lojas Americanas, independentemente de quem seja o seu controlador.
No encontro, os líderes pediram uma participação mais ativa do Executivo federal no caso das Americanas para construir um acordo para preservar os mais de 40 mil empregos. Eles também defenderam uma mesa de negociação envolvendo governo, sindicatos e empresa.
"Enfoque é preservar empregos"
O ministro afirmou que o caso também preocupa a área econômica ao impactar o sistema financeiro brasileiro. No entanto, ele declarou que o "problema dos bancos não pode ser maior do que o tema trabalho e emprego". Marinho destacou que há várias questões jurídicas que podem ser observadas neste caso, mas reforçou que "o enfoque é preservar empregos, preservar que a empresa continue funcionando".
Sobre a possibilidade de trabalhadores virarem controladores da empresa, como já aconteceu com outras companhias que entraram em crise, o ministro disse que não sabe se isso seria possível. "É bastante complexo, difícil pensar por aí".
"Tem que observar o que aconteceu com as Americanas, seguramente os órgãos fiscalizadores, CVM [Comissão de Valores Mobiliários] da vida, é preciso observar se não houve fraude nesse processo, aí os órgãos judiciais e de controle têm que debruçar sobre esse assunto para ver qual nível de criminalidade eventualmente possa ter acontecido", disse Marinho.
Questionado se o caso envolvendo a varejista pode levar a discussões sobre eventuais alterações na Lei de Falências e recuperação judicial, ele declinou. "Legislações são aperfeiçoadas a qualquer tempo, mas não me consta nada por enquanto".