Fernando Haddad crê que as novas regras fiscais trarão segurança e previsibilidade às famílias, aos investidores e aos empresáriosLula Marques/ Agência Brasil

Brasília - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou nesta quinta-feira, 30, o novo arcabouço fiscal, que prevê a estabilização da dívida pública até 2026, além de zerar o déficit público primário da União no próximo ano, superávit primário de 0,5% do PIB em 2025 e 1% do PIB em 2026. O superávit primário é o resultado positivo de todas as receitas e despesas do governo, excluindo gastos com pagamento de juros.
O texto também projeta que o crescimento das despesas sejam limitados a 70% do aumento das receitas. No entanto, caso a arrecadação não seja suficiente para atingir a meta de superávit, esse percentual cai para 50% no ano seguinte e 30% no posterior.
Por exemplo, se a projeção for de alta de 5% acima da inflação na arrecadação no ano seguinte, as despesas poderão crescer até 3,5%. Agora, se esses 5% não forem suficientes para atingir o superávit primário, as despesas subirão apenas 2,5% ou 1,5%. "É importante a própria regra dispor de mecanismos de autocorreção", disse o ministro.
Se aprovado pelo Congresso Nacional, o conjunto de regras fiscais substituirá o teto de gastos, em vigor desde 2016, que limita o aumento das despesas à inflação do ano anterior. Com o novo arcabouço fiscal, o Orçamento volta a ter aumento real.
"O teto de gastos está sendo substituído hoje por uma regra que procura sanar deficiências das regras anteriores", afirmou Haddad.
O novo texto também estabelece um valor mínimo para investimentos e exclui das regras já existentes o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e piso da enfermagem.
Ao chegar no Congresso, Haddad disse que o texto acompanha experiências "mais avançadas" do mundo.
"É uma proposta moderna, que está em linha com o que tem de mais avançado no mundo, e penso que vai dar ao país uma trajetória de desenvolvimento sustentável, tanto do ponto de vista fiscal, quanto do ponto de vista social", disse.
O ministro esclareceu que o crescimento da despesa terá como referência as despesas feitas até julho do ano anterior.
"Essa diferença entre o incremento da receita e da despesa, eu vi nas redes sociais gente dizendo que pode inflar receitas, isso não vai acontecer porque a receita que vai ser observada é a que fecha em julho do ano anterior, da remessa do orçamento para o Congresso Nacional. Vamos estar ancorados do ponto de vista da previsibilidade" disse. Com isso acaba o risco de o orçamento ser enviado com receitas infladas.
Por fim, o ministro defendeu que as novas regras trarão segurança e previsibilidade às famílias, aos investidores e aos empresários. "Precisávamos de regras que fossem exigentes, mas críveis, para as pessoas acreditarem naquilo que estamos apresentando", declarou.
Segundo Haddad, a proposta engloba "o melhor dos dois mundos", unindo um "consistente" superávit primário e aumento das receitas acima das despesas.
Perguntado sobre a possibilidade de cumprimento das metas, Haddad respondeu que sim, buscando novas fontes de arrecadação.
"Não pensamos em CPMF, acabar com o Simples, ou reonerar a folha de pagamentos, não é disso que se trata. Trata-se de colocar o pobre no Orçamento e o rico no Imposto de Renda, ou seja, temos que fazer quem não paga imposto, pagar".
"Temos muitos setores que estão demasiadamente favorecidos com regras de décadas. Vamos, ao longo do ano, encaminhar medidas para dar consistência a esse anúncio. Sim, contamos com setores que estão beneficiados e setores novos que não estão regulamentados. Vamos fechar os ralos do patrimonialismo brasileiro e acabar com uma série de abusos que foram cometidos contra o Estado brasileiro", finalizou.
Na apresentação, o governo promete que o novo arcabouço fiscal vai garantir:
- Menos inflação
- Mais estímulo ao investimento privado
- Menos juros na dívida pública
- Atração de investimentos internacionais
- Recuperação do grau de investimento
- Mais previsibilidade e estabilidade
- Recuperação do grau de investimento
- Mais pobres de volta ao orçamento
- Recuperação do orçamento de políticas públicas essenciais
- Mais espaço para investimento público