Banco Mundial alertou para o risco que as mudanças climáticas representamInternet/Reprodução
Sem esforço global mais eficiente, progresso da humanidade vai regredir, diz Banco Mundial
Instituição estima que países em desenvolvimento precisarão de US$ 2,4 trilhões anualmente, pelos próximos sete anos, para enfrentar a crise do clima
São Paulo - O presidente do Banco Mundial, David Malpass, afirmou nesta quinta-feira, 30, que os custos com mudanças climáticas, conflitos e pandemia vão fazer o progresso da humanidade regredir, a não ser que os esforços globais se tornem mais eficientes. Malpass defende que, por isso, os mecanismos internacionais de financiamento ao fornecimento de bens públicos globais devem ser fortalecidos.
Malpass contextualizou que a covid-19 e a guerra da Rússia à Ucrânia aumentaram o protecionismo e preços de commodities e de alimentos no mundo, além da acumulação de estoque - tendências que, caso se mantenham, "vão atingir severamente o comércio internacional e seus benefícios".
"A desaceleração do comércio vai criar ventos contrários para a economia global, especialmente para os países mais pobres", alertou o dirigente, que discursou nesta quinta na University de Niamey, na Nigéria.
O Banco Mundial estima que países em desenvolvimento precisarão de US$ 2,4 trilhões anualmente, pelos próximos sete anos, só para lidar com os desafios relacionados a mitigação e adaptação climáticas, conflitos e pandemias, disse Malpass.
Perspectivas de crises domésticas
O presidente do Banco Mundial afirmou que países em desenvolvimento estão encarando a perspectiva de enfrentar grandes crises domésticas, com aumento da fome e da pobreza, desaceleração da economia e crescimento a nível insustentável da dívida pública em meio à alta das taxas de juros.
Malpass disse que mais da metade dos países pobres tem ou está em risco de ter sobreendividamento.
A autoridade alertou que os governos devem se planejar para estresse financeiro contínuo. "Inflação e taxas de juros mais altos em economias avançadas levam à escassez de capital em países em desenvolvimento, causando depreciação da moeda e taxas de juros maiores, aumentando assim o peso da dívida", discursou
Malpass contextualizou que países tiveram grandes déficits orçamentários e viram aumentos significativos na dívida pública em resposta à pandemia. Muitas nações em desenvolvimento, falou, contraíram dívidas de credores não tradicionais, com contratos sem transparência.
Investimento é prioridade
Políticas sólidas de promoção ao investimento privado devem sempre permanecer como prioridade máxima, afirmou David Malpass. "Sem elas, não haveria nenhum crescimento econômico", defendeu.
Malpass disse também que a política monetária tem papel em apoiar os investimentos privados, principalmente ao promover inflação baixa e estável a médio prazo. "Isso deve estar ancorado em uma política fiscal que não dependa da monetização dos déficits governamentais", afirmou.
Ele falou ainda que a adoção de disciplina fiscal de longo prazo nas finanças dos governo é vital para atrair capital privado.
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