Ministro da Fazenda, Fernado HaddadValter Campanato/Agência Brasil
PT quer barrar teto para investimentos
Dirigente com acesso direto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gleisi coleciona divergências com Haddad quando o assunto é a condução da economia
Brasília - O PT pressiona o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a não incluir no texto da nova âncora fiscal que será encaminhado ao Congresso na próxima semana qualquer tipo de trava ao investimento público - como planeja a equipe econômica.
"O que a gente defendeu no PT, e quer dialogar com a Fazenda, é liberar investimentos de qualquer trava. Não ter trava nenhuma, não ficar com o limite de só ser corrigido pela inflação", afirmou ao Estadão/Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.
O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, antecipou ao Estadão/Broadcast que esse limite seria correspondente a R$ 25 bilhões. Com essa trava, uma eventual elevação da arrecadação seria canalizada não só para investimentos, mas também para melhoria das contas do governo, ajudando num cenário mais favorável para a estabilização da dívida pública. Limitar investimentos adicionais é uma estratégia defendida pelo mercado financeiro.
Dirigente com acesso direto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gleisi coleciona divergências com Haddad quando o assunto é a condução da economia. No fim de fevereiro, a dirigente se opôs publicamente à proposta da Fazenda de retomar a tributação dos combustíveis, o que foi chancelado por Lula.
A presidente do PT disse que ainda não leu o texto final do arcabouço fiscal e que, por isso, não tem certeza se haverá alguma trava ao investimento público. "Queremos conversar com Haddad, com a Fazenda. A defesa do investimento público é uma posição consolidada do PT."
A fala da dirigente vem apenas três dias após Lula defender o arcabouço fiscal e o próprio Haddad em reunião ministerial que marcou os 100 dias de governo.
Defesa
O secretário nacional de comunicação do partido, Jilmar Tatto, saiu em defesa do projeto e negou que parlamentares da sigla vão "bater" no ministro da Fazenda. "O projeto do Haddad é diferente do projeto fiscalista do (Antonio) Palocci e do (Joaquim) Levy", afirmou Tatto à reportagem.
Integrante da Executiva nacional do PT, Tatto minimizou os impactos do dispositivo que pode limitar os investimentos. "Se a gente tiver um ambiente econômico saudável, tranquilo e com credibilidade, você tem investimentos privados, externos", afirmou o secretário nacional de comunicação do PT.
Haddad tem sido comparado nos bastidores do PT ao ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que no primeiro governo Lula promoveu um forte ajuste fiscal e levou a um racha na sigla. Parlamentares petistas se opuseram publicamente à reforma da Previdência apresentada à época e acabaram expulsos do partido ou pediram desfiliação. Grande parte dos rompidos formou o PSOL, que hoje integra a base de governo de Lula.
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