Ministro da Fazenda, Fernando HaddadRovena Rosa/Agência Brasil
Haddad vem defendendo que a meta contínua é melhor do que a meta-calendário, que demanda o cumprimento do alvo a cada fim de ano. Para ele, o regime de metas por ano no Brasil é uma "especificidade praticamente única", com paralelo em poucos países, como a Turquia.
"Isso é uma coisa que engessa o regime de tal maneira que traz constrangimentos desnecessários, como se sentar no CMN todo ano para decidir se a meta sobe ou desce. Não é assim no mundo inteiro", disse o ministro, completando que a discussão sobre a mudança do nível da meta, hoje em 3% no longo prazo, é na "reunião do CMN".
Construção de relação do BC
O ministro da Fazenda afirmou ainda que a construção da relação com o Banco Central após a autonomia do órgão tem tido "êxito", como mostrou a indicação de novos diretores da autoridade monetária, que, segundo ele, foi bem aceita pelo Congresso e pelo próprio BC.
O governo indicou o número 2 da Fazenda, Gabriel Galípolo, para a Diretoria de Política Monetária, e Ailton Aquino, para a Diretoria de Fiscalização, mas os nomes ainda precisam ser sabatinados pelo Senado.
Autonomia e Selic
Para Haddad, a autonomia do BC, na medida que o órgão está preservado por lei, dá mais liberdade para a autoridade monetária interagir com o governo e com outros atores "para formar juízo para ministrar a taxa de juros para melhor proveito da sociedade". "Vamos continuar interagindo com o BC", afirmou.
O ministro ainda repetiu que as declarações do governo sobre os juros não se trata de "pressão sobre o BC", mas uma discussão do momento adequado de queda de juros.
Haddad reforçou que já vê espaço para o início do corte da taxa Selic, mas que a decisão é de competência do BC, que o governo "busca respeitar". "A Fazenda leva números que mostram que há espaço para comportamento de juros futuros e inflação. A economia está desaquecendo, de taxas muito elevadas, mas sem pressão inflacionária. São dois braços que têm que trabalhar juntos", concluiu.
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