Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Em meio a cobranças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pretende acelerar o trabalho extra dos servidores no âmbito do Programa de Enfrentamento à Fila da Previdência Social, lançado na semana passada por meio de medida provisória
Com o objetivo de reduzir a fila de 1,8 milhão de pedidos à espera de análise, o INSS aumentou, na terça-feira, de seis para 15 o número máximo de processos extras por dia por funcionário. O mutirão, que deve durar nove meses e é prorrogável por mais três, prevê o pagamento de bônus por processo concluído, que pode chegar a quase dobrar o salário do servidor - com um adicional máximo de R$ 10.064 por mês.
"Só estão sendo analisados os processos acima de 45 dias, e os mais antigos têm prioridade", afirmou ao Estadão o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Segundo ele, a adesão dos funcionários superou a expectativa, e a jornada se estende aos fins de semana. Stefanutto projeta que, nesse ritmo, seja possível zerar a espera acima de 45 dias (prazo regular) antes do fim do ano.
Servidor de carreira do INSS, Stefanutto tomou posse à frente do órgão há apenas duas semanas, no lugar de Glauco Fonseca Wamburg, demitido por suspeita de promover uma "farra" de passagens aéreas com dinheiro público. A troca também ocorreu em meio a críticas do presidente Lula às longas filas de espera.
'Humanizar fila'
"A minha presidência é para humanizar a fila. É saber que não tem um CPF ali, tem uma pessoa que, se ficar mais de um mês sem receber, vai ter dificuldade", diz Stefanutto. "Desde a elaboração do plano de governo, com o qual eu colaborei, havia um desconforto muito grande (por parte do presidente Lula) com essas pessoas na fila."
Atualmente, há 1,79 milhão de solicitações de benefícios e perícia médica à espera de análise do INSS. Segundo o Portal da Transparência Previdenciária, 64% dos pedidos estão na fila há mais de 45 dias. Desses, 24% aguardam de 45 a 90 dias; 27%, de três a seis meses; 11%, de seis meses a um ano; e 2% esperam há mais de um ano.
Ele classifica a situação atual como "vergonhosa" e diz que são necessárias, além das ações emergenciais, medidas estruturantes para evitar o acúmulo de pedidos em análise, entre as quais o aumento da automação. Hoje, segundo o presidente do órgão, mais de 30% dos benefícios são analisados de forma automática, sem depender de um servidor. A ideia é melhorar o algoritmo e elevar essa fatia. Com isso, os funcionários poderiam ser deslocados para avaliações de processos mais complicados.
Há também a previsão de contratação de novos servidores públicos - o que ainda depende de aval do Palácio do Planalto. A ideia é aproveitar um concurso realizado no ano passado, com 3 mil aprovados. Desses, cerca de 1 mil já foi incorporado ao INSS.