Alex Agostini avalia que vê condições para o Banco Central reduzir a taxa SelicDivulgação

A Austin Rating, agência nacional de avaliação de risco, alterou a perspectiva do rating soberano do Brasil de estável para positiva, em moeda local (ML), e afirma o rating BB+. Já em moeda estrangeira (ME), a perspectiva da Austin segue preservada como estável e o rating em BB+.
A avaliação do rating em Moeda Local (ML), considerou a melhora da perspectiva do ambiente fiscal em virtude da aprovação do novo arcabouço fiscal, que prevê retomada do equilíbrio das contas públicas já a partir de 2024 (resultado primário em 0% do PIB). Além disso, pesou na decisão o quadro recente de melhora dos indicadores antecedentes, como, por exemplo, índice de confiança empresarial, industrial e dos consumidores, bem como as recorrentes revisões para cima das projeções de crescimento do PIB e a política monetária estimulativa (queda dos juros) em breve.
“Estamos a um degrau para voltar a atingir o grau de investimento para o Brasil. É uma questão de tempo para que os fundamentos da política monetária, equilíbrio fiscal e a retomada da confiança do consumidor e indústria se consolidem para essa conquista”, afirma Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.
Nesse contexto, as perspectivas para a execução da política monetária concentram-se no início do processo de afrouxamento, ou seja, redução contínua da taxa de juros básica nacional (Selic), estimulando e fortalecendo o PIB pela ótica da demanda, seja por meio dos investimentos (FBCF) ou pelo consumo das famílias. “A política monetária executada pelo Banco Central do Brasil, com elevação da taxa básica de juros ao longo de 2021 e 2022, cumpriu seu objetivo de reduzir a pressão inflacionária e colocar o nível de preços em convergência com as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN)” acrescenta Agostini.
Com relação às contas externas, que afetam diretamente a classificação de risco em moeda estrangeira (ME), houve melhora nos indicadores com destaque para o volume dos investimentos estrangeiros direto, que atingiu US 90,6 bilhões em 2022 contra US 46,4 bilhões em 2021. Adicionalmente, os indicadores de risco e solvência externa também apresentaram melhora, como, por exemplo, o índice de risco medido pelo EMBI (Emerging Market Bond Index), calculado pelo banco JP Morgan, que passou de 326 pontos ao final de 2021 contra 256 pontos no encerramento de 2022, e atualmente está em 215 pontos.
A condição prospectiva para as contas externas tem demonstrado relativa atenção em dois pontos: fortalecimento do saldo da balança comercial, mesmo diante da queda do preço das commodities, com ressalva para a concentração da pauta de exportação em produtos básicos, além da valorização do Real frente ao Dólar; alterações no fluxo de divisas estrangeiras para o mercado de capitais brasileiro devido as mudanças em curso da política monetária nas economias centrais (elevação dos juros básicos), com destaque para Estados Unidos e Europa.
Para Agostini, “nenhuma das duas condições destacadas tem força suficiente, por ora, de alterar a capacidade de solvência do País em moeda estrangeira, preservando, dessa forma, a nota de risco”.
As questões relativas ao futuro da condução das políticas monetária, fiscal e externa são acompanhadas pela Austin Rating para manifestar tempestivamente sobre as contribuições e influências na dinâmica macroeconômica, em especial ao equilíbrio sustentável das contas públicas no longo prazo, com resgate do superávit primário, o controle da taxa de inflação corrente e orientação das perspectivas para sua persistência dentro dos limites toleráveis observados nas metas para inflação para os próximos anos, além das perspectivas de retomada do PIB potencial.
O analista destaca que o ambiente político é fator determinante para a consolidação do quadro fiscal austero a partir da aprovação das reformas estruturantes, preservando a estabilidade macroeconômica do Brasil no longo prazo. Esses são fatores que contribuem de forma positiva para o processo de revisão do rating soberano da República Federativa do Brasil e, da mesma forma, tal processo de avaliação se apoia em fatores estruturais que condicionam o desempenho da economia e sua capacidade de honrar seus compromissos fiscais e financeiros no longo prazo.