XP aposta que Copom fará um corte moderado na taxa SelicReprodução
Copom deve cortar Selic em 0,25 pp em agosto, mas decisão será dividida, diz XP Investimentos
Projeção da corretora leva em consideração o fato de que as medidas para conter o déficit público ainda não surtiram efeito
São Paulo - O conjunto de dados segue favorável e a expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) inicie o ciclo de cortes da taxa Selic na quarta-feira, dia 2, na reunião de agosto, com uma redução inicial de 0,25 ponto porcentual, levando o juro a 13,50%. A decisão, porém, deve ser dividida. A avaliação é da XP Investimentos, em relatório.
"Entendemos que a divisão entre um corte inicial de 0,25 ponto porcentual e 0,50 ponto porcentual que se observa no mercado também aparecerá nos votos dos membros do Copom", escreve a XP. "Entendemos que pelo menos um diretor votará por um corte de 0,50 ponto."
A XP reitera, no entanto, sua projeção de um corte de 0,25 ponto A corretora defende que esse porcentual é mais provável por ser consistente com a sinalização recente de "cautela e parcimônia" do Copom, com as expectativas de inflação ainda acima das metas e com a incerteza acerca do grau de desaceleração da demanda interna. Ela também cita que as medidas de aumento de arrecadação ainda não se mostraram suficientes para equilibrar o déficit público.
"Entendemos que na reunião de setembro o comitê terá mais elementos para calibrar o ritmo de redução de juros, com mais confiança de que a inflação convergirá à meta", emenda. "Em nosso cenário, o ritmo acelera para 0,50 ponto e se mantém nas reuniões seguintes."
Os cálculos da XP indicam que, mantidas as condições atuais, o Copom poderia reduzir a taxa Selic em pelo menos 3 pontos nos próximos meses. "Este espaço é dado pela melhora das perspectivas para a inflação gerada pela deflação global de custos, inflação corrente menos pressionada e inversão da tendência de deterioração das expectativas para o IPCA", diz. "Diante deste espaço, parece seguro um ciclo de cortes de 0,50 ponto ou mesmo de 0,75 ponto."
O cenário base da XP é de Selic em 12% no fim de 2023. A corretora prevê uma sequência de seis cortes de 0,50 ponto a partir de setembro, mas pondera que eles poderiam se transformar em quatro de 0,75 ponto a depender da evolução dos dados econômicos, especialmente a inflação e o câmbio.
Para 2024, porém, o viés expansionista da política fiscal, a inflação de serviços resiliente e as expectativas acima da meta tendem a limitar a extensão do ciclo, afirma. "Nosso cenário base contempla a taxa Selic em 10,50% em 2024, acima do consenso de mercado. Com as informações atuais, acreditamos que juros muito abaixo deste patamar não levam à convergência da inflação à meta - recém confirmada pelo Conselho Monetário Nacional em 3,0%."
O relatório é assinado pelo economista-chefe da XP, Caio Megale, e os economistas da casa Rodolfo Margato e Alexandre Maluf.
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