Roberto Campos Neto, presidente do CC, crê que o Drex acelerará a redução do uso de papel moeda no Brasilmarcojean20 - Pixabay - Uso gratuito

Rio - Nova moeda digital brasileira, o Drex está em fase de testes e com previsão de chegar ao público apenas no fim de 2024. Até lá, um grupo de trabalho destacado pelo Banco Central seguirá debruçado no estudo e no aprimoramento do projeto, que, em resumo, assume a versão virtual do Real em plataforma digital. A promessa é simplificar operações financeiras realizadas no dia a dia.
"O Pix faz parte do processo de digitalização da intermediação financeira. A gente precisava primeiro de um trilho em que as pessoas se adaptassem a digitalização. É muito mais fácil fazer isso com o pagamento instantâneo e a adesão foi muito boa. A gente viu que ele abre espaço para a criação de diversos outros produtos financeiro", disse o presidente do BC, Roberto Campos Neto, ao 'Poder360'. 
Na prática, o Drex permitirá que brasileiros realizem transações financeiras, transferências e funções semelhantes às do Pix, sistema de pagamento instantâneo lançado em novembro de 2020. Uma particularidade é que bancos não poderão oferecer empréstimos a terceiros, como acontece atualmente com papel moeda, devolvendo depois os recursos aos clientes. A promessa de maior segurança e eficiência e redução dos custos das operações de pagamento digitais são pontos a favor do Real Digital.
"Para comprar determinado bem tokenizado, o usuário pagará o valor com o uso da moeda digital por meio do blockchain. As negociações estarão facilitadas em ambientes totalmente digitais e mais seguros. Ao comprar um carro, por exemplo, instantaneamente, o Drex será transferido ao vendedor e o documento do veículo chegará ao comprador devidamente digitalizado com menos burocracia, de forma mais segura e menos custo", destaca Mariana Prado Lisboa, advogada especializada em Regulatório e Meios de Pagamento.
Chamado de "primo do Pix", o Drex teve a origem do nome explicado pelo Banco Central. Segundo autoridade monetária, o nome da nova moeda digital junta uma série de elementos de inovação. De acordo com o BC, o "D" representa o digital; o "R", o real; o "E", a plataforma eletrônica; e o "X", as transações. 
Segundo o presidente do BC, Roberto Campos Neto, o Drex deve acelerar redução da impressão e circulação do papel-moeda no país. Hoje, R$ 285 bilhões em espécie circulam em território nacional, com queda de R$ 10 bilhões em relação a 2022.
"O papel-moeda vai diminuir, mas é difícil prever se vai deixar de existir", disse.
Em fase de testes e estudos, o Drex ainda gera uma série de questionamentos por parte do cidadão comum, aquele que não tem perfil de investidor ou familiaridade com termos como tokenização ou blockchain. No entanto, Maurício Moura, diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do BC, garante que a versão digital do Real chega para "democratizar o acesso a serviços financeiros, como crédito, investimento e seguros" a todos brasileiros. Além disso, no futuro, poderão ser pagos benefícios sociais com a moeda digital.
"O Drex vai trazer mais rapidez, praticidade e menor custo para várias transações contratuais e financeiras que fazemos hoje", pontua Maurício Moura, que cita, como exemplo, a operação de compra e venda de um automóvel, reduzindo o risco de possível fraude ou golpe:
"Com a função de programabilidade do Drex, não importa quem vai fazer o primeiro movimento, pois o contrato só será concluído quando as duas coisas acontecerem. Assim, dinheiro e a propriedade serão transferidos de forma simultânea. Se uma das partes falhar, o montante pago e o carro voltam para seus respectivos donos". 
Com a perspectiva de contribuir para o surgimento de novos modelos de negócios e inovações tecnológicas, o Drex, na linha da corrente Open Finance, deve ampliar a diversidade na oferta dos produtos já existentes no mercado e direcionar de forma mais personalizada uma gama de serviços.  
O Drex também poderá ser usado na compra de imóveis. Investidor imobiliário, Wagner Nolasco é um entusiasta do projeto visando a agilidade no fechamento de negócios. 
"Os bancos centrais do mundo inteiro já estão num movimento de conversão de moedas físicas para digitais. Com o movimento do Bitcoin de outras moedas, criptomoedas, os bancos centrais não têm rastreabilidade e, tampouco, controle. Isso dificulta saber quais transações são legítimas e honestas. a tecnologia blockchain é praticamente incorruptível. Ela vai trazer mais transparência e facilidade ao mercado financeiro e para o mercado imobiliário", avalia Nolasco.