Lula destacou que a moeda comum é apenas um instrumento de política comercial do BricsJosé Cruz/Agência Brasil
Lula confirma criação de moeda comum do Brics e diz que países farão estudos durante o ano
Presidente disse considerar importante que haja 'uma certa paridade entre as trocas comerciais'
Brasília - O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, confirmou que a Cúpula do Brics resolveu criar uma moeda para facilitar as trocas comerciais entre os países membros do bloco, que tem como membros criadores Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ao dizer que não tem pressa, Lula destacou que as nações integrantes do bloco se comprometeram a estudar sobre a possibilidade e retomar a discussão na próxima reunião do grupo.
"Ninguém quer mudar a unidade monetária do país. O que nós queremos é criar uma moeda que permita que a gente faça negócio sem precisar comprar dólar", disse o presidente brasileiro, em coletiva de imprensa após a Cúpula do Brics, que ocorreu nesta semana na África do Sul. "Nós resolvemos criar uma moeda, porque isso facilita a vida das pessoas, mas nós não queremos pressa porque não é uma coisa simples de fazer."
De acordo com ele, a área econômica de cada país membro fará estudos para que propostas sejam apresentadas na próxima reunião da cúpula, no ano que vem. "Acho muito importante a gente se preocupar em criar uma certa paridade em trocas comerciais."
Ampliação do bloco
O presidente do Brasil justificou que os novos países que foram convidados formalmente para integrar o bloco são nações que haviam pedido a adesão "há muito tempo". Lula disse não querer saber do "pensamento ideológico que tem o governante" das nações convidadas, mas se os países estão dentro dos critérios para adesão ao bloco.
Em coletiva de imprensa, Lula disse que as reuniões dos últimos dias foram uma das mais importantes que já participou em todos os seus três mandatos e comparou a expansão do Brics como um pai acompanha o filho crescer. "Quando criamos o Brics, muita gente achava que era uma piada, não levava a sério [o bloco]", declarou. "O Brics era uma coisa diferente porque tinha interesse comum entre os países."
A expansão do bloco, para Lula, é um avanço. "As pessoas que foram escolhidas já estavam pedindo há muito tempo para entrar no Brics. Não foi de forma aleatória, que entrou fulano ou beltrano. É porque eram as pessoas que estavam na fila há muito tempo pedindo e reivindicando", disse.
"O que está em jogo aqui não é a pessoa do governo, é o país, é a importância do país. Não quero saber que pensamento ideológico tem o governante, quero saber se o país está dentro dos critérios que estabelecemos para fazer parte do Brics", reiterou Lula.
O brasileiro disse que outros países vão pedir para entrar no bloco e será feita uma avaliação "seletiva e criteriosa", escolhendo as nações de acordo com a importância política.
Na fala, Lula também falou sobre a necessidade de reorganizar o Mercosul e Unasul para fortalecer os blocos. "Pelo menos com garantia que [o bloco] vai ser tratado em igualdade de condições e não com a prepotência do senhor de engenho contra o escravo", criticou o presidente, em referência ao domínio dos países da região Norte do planeta. "Veja a mudança de nome, que pomposo que é as pessoas agora falarem: 'Vamos conversar com o Sul global'."
Os novos membros
Nesta quinta-feira, a Cúpula do Brics decidiu convidar formalmente seis países para se tornarem novos membros: Arábia Saudita, Argentina, Emirados Árabes Unidos, Egito, Irã e Etiópia. A Indonésia, antes na lista, pediu de última hora para que o processo fosse adiado.
A quantidade é menor do que os 23 países que haviam pedido adesão.
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