Mulheres têm menos apoio para abrir ou gerir pequenas empresas, aponta pesquisa Reprodução/Feepik
A pesquisa revelou que o apoio que os empreendedores homens recebem de cônjuge, amigos, pais e fornecedores é maior se comparado ao suporte recebido pelas empreendedoras. No grupo de quem já tem um negócio em operação, a diferença é ainda mais significativa – aqui, o apoio dedicado pelos fornecedores às mulheres é 9 pontos percentuais inferior ao recebido pelos homens. Chama atenção também o maior apoio recebido pelos empreendedores (12%) por parte das prefeituras em comparação com o suporte dedicado pelas gestões municipais às mulheres (8%).
“Esses dados mostram que a cultura machista ainda privilegia os homens na atividade empreendedora, assim como em outros segmentos da economia e da sociedade”, comenta a diretora de Administração e Finanças do Sebrae Nacional, Margarete Coelho.
Desigualdade
A pesquisa “Empreendedorismo Feminino” contabilizou a quantidade de horas destinadas a mais pelas mulheres nos cuidados com pessoas da família e nos afazeres domésticos. As mulheres que empreendem dedicam 3,1 horas aos cuidados familiares e consomem 2,9 horas do seu dia nos afazeres domésticos, enquanto os homens gastam 1,6h e 1,5h, respectivamente, com essas atividades. “Essa dupla jornada das mulheres funciona com mais um obstáculo que torna ainda mais complexa a trajetória das empreendedoras à frente de uma empresa”, avalia Margarete Coelho.
Esse mesmo cuidado com a família influenciou mais diretamente as mulheres na decisão de abrir o negócio. Entre as empreendedoras, 68% disseram que cuidar dos filhos “influenciou muito”, enquanto, entre os homens, esse índice chegou a 56%.
“Se todos na casa se beneficiam com os filhos bem cuidados, com o jantar quentinho, com a casa limpa, será que é justo que este peso recaia somente sobre as costas das mulheres, de maneira a sobrecarregá-las?”, indaga a diretora Margarete Coelho.
Confira os números da pesquisa:
• Para os empreendedores do gênero masculino, o apoio do cônjuge é mais frequente do que entre mulheres, quando 68% deles afirmaram terem sido ajudados contra 61% delas.
• Entre os amigos (57%), pais (52%), clientes e fornecedores (68%) os empreendedores do gênero masculino levam vantagem sobre as mulheres (54%, 49% e 67%, respectivamente). Por outro lado, entre as mulheres, o apoio é maior por parte de “outros parentes” – nesse caso, aqueles que não os cônjuges ou pais - (45% a 35%), grupos de amigos no WhatsApp (34% a 32%) e dos filhos (29% a 26%).
• Quando questionados sobre quais as pessoas dão apoio atualmente para a sua atividade empreendedora, o maior número entre os homens é de clientes e fornecedores (43%), quando comparado às mulheres (34%).
• As mulheres dedicam 3,1 horas aos cuidados com familiares e 2,9 horas em afazeres domésticos por dia, enquanto os homens investem 1,6h e 1,5h nessas atividades, respectivamente.
• Microempreendedores Individuais (MEI) dedicam mais tempo aos cuidados com familiares (3,2h para mulheres e 1,8h para homens) e trabalhos domésticos (3h e 1,7h) do que aqueles que estão à frente de uma micro e pequena empresa (MPE). As mulheres são as mais sobrecarregadas pela jornada doméstica entre as micro e pequenas empresas (3h contra 1,2h gastas pelos homens com os cuidados e 2,7h para elas contra 1h para eles nos afazeres domésticos).
• Esse mesmo cuidado com a família influenciou na decisão de abrir o negócio. Entre as mulheres, ao serem questionadas se poder cuidar dos filhos foi um dos fatores que contribuiu para a abertura do negócio, 68% disseram que cuidar dos filhos “influenciou muito”, enquanto que, entre os homens, esse índice chegou a 56%.
• Em relação à sobrecarga com a jornada dupla, 76% das mulheres sentiram um peso maior na sua rotina e 61% já tiveram que deixar de fazer algo para si ou para a empresa para cuidar dos filhos, de idosos ou de parentes. Entre os empreendedores do gênero masculino, essas proporções são de 55% e 48%, respectivamente.
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