Dívidas da Light chegam a R$ 11 bilhõesReprodução

A Light levou aos credores uma nova proposta de pagamento das dívidas da companhia, que alcançam R$ 11 bilhões. O plano prevê a conversão de 40% dos débitos de cada credor em ações e elimina o complexo plano de recuperação judicial apresentado em julho, que foi amplamente rejeitado por credores de diferentes perfis.
Para quem aderir à proposta de conversão, o restante dos débitos, 60%, seria pago num prazo de oito anos e com remuneração equivalente à variação do IPCA mais 4% ao ano, disseram fontes próximas às negociações. O preço de conversão seria baseado na média das cotações dos últimos 45 dias, acrescentaram.
Para quem não aderir à conversão, o prazo de pagamento seria de 15 anos, com remuneração de IPCA mais 2% ao ano.
A proposta se dá em paralelo à intenção do empresário Nelson Tanure — cuja asset WNT é a maior acionista individual da elétrica, com 30,05% — de fazer uma injeção de R$ 1 bilhão na companhia. O empresário procurou representantes dos credores recentemente e apresentou informalmente a ideia.
O novo plano de pagamento da Light encontrou mais simpatia entre pequenos credores. Um dos motivos é o fato de que eleva de R$ 10 mil para R$ 20 mil o valor que a companhia se propõe a pagar integralmente e à vista, de acordo com as fontes. Com a elevação do teto, a companhia consegue abranger uma fatia maior dos investidores que compraram debêntures da Light.
Contudo, a proposta de conversão não foi bem vista por negociadores dos bancos, de acordo com fontes que falaram sob condição de anonimato. "O problema é que, na visão deles, a proposta para quem não converte precisa ser bem ruim para forçar a conversão, que não é atrativa isoladamente. Isso gera um impasse", disse uma pessoa próxima das negociações. "O ideal seria que as duas propostas fossem razoáveis isoladamente para atrair quem tem esse apetite e não forçar quem não tem."
Ao elaborar uma proposta que tende a agradar mais os pequenos credores, a Light poderia reunir um bloco de negociação e ganhar poder de barganha com os bancos. Os debenturistas, de diferentes perfis — pessoas físicas e fundos de investimento — somam R$ 7 bilhões.
O universo de credores da elétrica abrange mais de 40 mil investidores pessoa física, 250 fundos de investimento e dez instituições financeiras, nacionais e estrangeiras, conforme a companhia. A exposição da companhia a bancos está na casa de 8% do total das dívidas.