Nas contas do Ipea, a receita líquida do Governo atingiu R$ 236,1 bilhões em janeiroInternet/Reprodução
Ipea estima superávit primário de R$ 77,9 bi para Governo em janeiro
Se resultado for confirmado pelo Tesouro, montante positivo vai representar inversão perante déficit de dezembro de 2023
Com um avanço real na arrecadação, as contas do Governo Central devem ter apresentado em janeiro um superávit primário de R$ 77,9 bilhões, estima o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em cálculo preliminar feito com dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi). Em nota técnica sobre a estimativa, o Ipea afirma que os números fornecem uma "boa aproximação" dos valores que ainda serão divulgados pela Secretaria do Tesouro Nacional.
Em 2023, janeiro também teve resultado positivo, em R$ 82,5 bilhões (em valores de janeiro de 2024), depois de dezembro de 2022 ter registrado superávit de R$ 4 bilhões.
Se a estimativa do Ipea for confirmada pelo Tesouro, o montante positivo vai representar um inversão significativa do resultado do último mês de 2023, quando diferença entre as receitas e as despesas ficou negativa em R$ 116,147 bilhões - o pior desempenho em termos reais para o mês de dezembro na série histórica do Tesouro, iniciada em 1997, resultado influenciado também pelo pagamento extraordinário dos precatórios.
Nas contas do Ipea, a receita líquida do Governo Central atingiu R$ 236,1 bilhões em janeiro, crescimento de 2,3% em termos reais, comparativamente a janeiro de 2023. A receita total somou R$ 278,611 bilhões, avanço de 3,6%.
Já a despesa teria totalizado R$ 158,3 bilhões, alta de 6,7% na mesma base de comparação. No acumulado de 12 meses até o mês passado, em valores de janeiro de 2024, o déficit primário está em R$ 236,4 bilhões, ante o superávit de R$ 49,4 bilhões no mesmo período terminado em janeiro de 2023.
O instituto também apontou que as receitas administradas pela Receita Federal cresceram 5,8%, ou R$ 10,8 bilhões. Segundo o Ipea, esse bom desempenho foi impactado pela elevação da arrecadação do Imposto de Renda em R$ 2,7 bilhões (2,6%), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) em R$ 6,5 bilhões (25,5%) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) em R$ 2,6 bilhões (8,9%).
O dado da receita total também foi ajudado pelo aumento da arrecadação de receitas previdenciárias do regime geral de previdência social (RGPS), que tiveram alta de 9,3% (R$ 4,5 bilhões). Em contrapartida, a arrecadação de receitas não administradas pela RFB teria caído 16,4% (R$ 5,7 bilhões), com destaque para uma baixa de R$ 6,6 bilhões nas receitas com dividendos e participações.
Integrantes da Fazenda já vem sinalizando no último mês uma boa expectativa com o resultado de janeiro.
Em entrevista ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou que a prévia de indicadores econômicos com resultados acima do esperado cria um "ambiente bom" e uma perspectiva positiva para o cumprimento da meta fiscal de déficit zero neste início de ano.
Se seguir neste ritmo em fevereiro, após a arrecadação ter animado no último mês, o secretário vê a possibilidade de o governo não precisar lançar mão de bloqueios significativos no Orçamento em março, quando será divulgado o primeiro relatório bimestral de receitas e despesas do Executivo.
No mercado, a perspectiva é também de crescimento real na arrecadação do governo com impostos e contribuições federais. O Projeções Broadcast aponta uma mediana de R$ 277,0 bilhões em janeiro, após arrecadação de R$ 231,225 bilhões em dezembro. As estimativas vão de R$ 261,50 bilhões a R$ 285,663 bilhões.
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