Efeito climático tem afetado preços da alimentação domiciliarAgência Brasil
IPCA-15 mostra que El Niño pode não ter afetado preços de alimentos quanto se previa, diz Galípolo
Segundo diretor de Política Monetária do Banco Central, efeito climático se revelou 'bem comportado' no último índice
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, avaliou que os dados mais recentes de inflação sugerem que o fenômeno climático El Niño pode ter afetado os preços de alimentos numa intensidade menor que a esperada.
Durante palestra no evento Hora da Retomada, promovido pelo Money Report, em São Paulo, Galípolo disse que historicamente o El Niño afeta mais a inflação do que a produção agrícola, e que o efeito do fenômeno sobre os preços incide mais sobre os alimentos in natura e a alimentação em domicílio.
No entanto, o efeito se revelou "bem comportado" no IPCA-15 mais recente, disse o diretor. "Precisa ver como acontece com os preços nas outras economias", acrescentou.
Galípolo reforçou que o Banco Central sempre olha para dentro da composição da inflação no momento de avaliar o cenário econômico, e em particular para alguns indicadores específicos dos núcleos de inflação e para os preços de serviços subjacentes
Ele apontou que o mercado também faz isso, e que a interpretação dos dados não é mecânica nem para o Banco Central, nem para os agentes econômicos.
"O IPCA 15 saiu com um dado cheio melhor que o esperado. A primeira reação é positiva. Mas serviços subjacentes, que é um núcleo que o BC olha bastante porque tende a ter correlação alta com atividade e emprego, veio pior. Aí, um terceiro movimento. O que está pressionando é educação, que tem sazonalidade, e serviços de telefonia, que tem correlação talvez não tão forte com questão do emprego. Aí de novo vem uma leitura do mercado mais positiva", afirmou.
"A gente está acompanhando sempre a inflação. Muitas vezes fala do diferencial de juros, do câmbio, ou de outras variáveis do mercado de trabalho. Mas ao final do dia, a meta do BC não é emprego, câmbio, é inflação.
Arrecadação
Gabriel Galípolo também disse que é difícil identificar de onde vem especificamente a melhora na arrecadação do governo, que pode estar relacionada tanto a fatores temporários quanto a outros mais permanentes.
"Tem uma dificuldade de separar o que é decorrente de algo que não é recorrente, caso da taxação dos fundos, o que é resultado da política adotada no ano passado, de recomposição da base tributária, e recorrente, aquilo que corresponde à atividade mais resiliente", disse ele durante a palestra.
"A gente tem um pouco dos três ali, é possível dizer que atividade resiliente pode estar se revelando numa arrecadação mais positiva e sustentando isso", acrescentou.
Galípolo ressaltou que os dados mais recentes sobre a arrecadação conseguiram adiar a discussão sobre a necessidade de o governo federal alterar a meta de déficit primário deste ano e ajudaram a ancorar as expectativas sobre o resultado fiscal de 2024.
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