Para 2025, também houve deterioração da inflação, de 3,51% para 3,52%Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Essas estimativas serão consideradas pelo Copom na reunião que se inicia nesta terça. No encontro anterior, as medianas da Focus estavam em 3,81% e 3,50%, respectivamente. Já as projeções oficiais do BC eram de 3,5% e 3,2%, nessa ordem.
Para 2026, a projeção continuou em 3,50% pela 37ª semana consecutiva — seguindo a reancoragem apenas parcial destacada pelo BC após a manutenção da meta de inflação em 3,0% para este e os próximos anos. No horizonte mais longo, de 2027, a estimativa seguiu em 3,50%, como também está há 37 semanas.
As estimativas do Relatório de Mercado Focus continuam acima do centro da meta para a inflação, de 3,00%. O IPCA de 2023 ficou em 4,62%, abaixo do teto da meta (4,75%, para um centro de 3,25% no ano passado), evitando o estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022.
Projeção suavizada
Os economistas do mercado financeiro reduziram a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses no Relatório de Mercado Focus desta semana, de 3,51% para 3,45%, de 3,73% há um mês.
Em junho do ano passado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva iria editar decreto estabelecendo uma meta contínua de inflação a partir de 2025, em substituição à atual meta-calendário.
No dia 20 de outubro, porém, Haddad confirmou que não havia previsão para publicar o decreto que regulamenta a meta de inflação contínua. Mas, como mostrou o Estadão/Broadcast, com a chegada de mais diretores do Banco Central indicados por Lula em janeiro, o decreto da meta de inflação poderia ser finalmente publicado.
Curto prazo
Após o IPCA de fevereiro (0,83%), os economistas do mercado financeiro reduziram as expectativas de inflação de curto prazo no Relatório de Mercado Focus desta terça. A mediana para março de 2024 cedeu de 0,24% para 0,22%. Há um mês, a expectativa era de 0,24%.
Para 2025, o documento trouxe manutenção na estimativa de crescimento do PIB em 2,00%, como já está há 14 semanas. Considerando as 67 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2025 também seguiu em 2,00%.
Em relação a 2026, a mediana continuou em 2,00% pela 32ª semana consecutiva. O Boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2027, que se mantém em 2,00% por 34 semanas.
A estimativa do Ministério da Fazenda para o crescimento do PIB de 2024 é de 2,2%. Já no Banco Central, a projeção atual é de avanço de 1,7% neste ano, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro.
Apesar da melhora, a Lei Orçamentária Anual de 2024 prevê superávit de R$ 2,8 bilhões neste ano (0% do PIB). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já avisou que o governo "dificilmente chegará à meta zero", até porque o chefe do Executivo "não quer fazer cortes em investimentos e obras".
Já a estimativa do Focus para o déficit nominal em 2024 passou de 6,90% para 6,80% do PIB, mesmo porcentual de um mês atrás. O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após o gasto com juros e outras despesas financeiras.
A estimativa para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2024 passou de 63,64% para 63,90%, ante 63,60% de um mês atrás.
Para 2025, o déficit primário esperado pelo mercado seguiu em 0,60% do PIB, onde já estava há oito semanas. O novo arcabouço fiscal aprovado no ano passado prevê uma meta de superávit primário de 0,5% do PIB no próximo ano.
O déficit nominal projetado para 2025 passou de 6,30% para 6,29% do PIB, de 6,30% um mês atrás. Já a estimativa para a dívida líquida variou de 66,50% para 66,42% do PIB, ante 66,30% de quatro semanas antes.
No fim de janeiro, o Copom cortou a Selic pela quinta vez consecutiva em 0,50 pp, para 11,25% ao ano. O colegiado manteve a sinalização de que o ritmo de corte de 0,50 ponto porcentual continua sendo o mais apropriado para as próximas reuniões — no plural.
Na coletiva do último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, esclareceu que essa mensagem — repetida desde agosto — vale sempre para os dois encontros seguintes a cada reunião. No caso atual, para março, em encontro que acontece hoje e amanhã, e maio.
Por isso, todas as 55 instituições financeiras consultadas pelo Projeções Broadcast projetam o sexto corte consecutivo de 0,50 ponto porcentual da taxa Selic, de 11,25% para 10,75% ao ano nesta quarta-feira (20). Diante dos dados mais fortes de atividade e dos alertas da inflação de serviços, a discussão é se agora o BC mantém a mesma sinalização para o plural, ou se indica que é mais provável continuar com a dose de 0,50 ponto apenas até maio.
No encontro de janeiro, o Copom repetiu que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
No Relatório de Mercado Focus, a projeção para a Selic no fim de 2025 continuou em 8,50%, como já está há 15 semanas. Considerando apenas as 92 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2025 também seguiu em 8,50% ao ano.
Para 2026, a projeção seguiu em 8,50% pela 33ª semana consecutiva. Para 2027, a estimativa também seguiu em 8,50%, onde se mantém por 32 semanas.
Em relação ao superávit da balança comercial em 2024, a projeção passou de US$ 82,00 bilhões para US$ 80,98 bilhões, contra US$ 80,00 bilhões há um mês.
Para 2025, a mediana passou de US$ 74,55 bilhões para US$ 74,10 bilhões, ante US$ 70,00 bilhões de quatro semanas atrás.
Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) é mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes.
A mediana das previsões para o IDP em 2024 passou de US$ 67,00 bilhões para US$ 66,50 bilhões — mesmo valor esperado há quatro semanas. Para 2025, a estimativa passou de US$ 73,10 bilhões para US$ 72,31 bilhões, ante US$ 75,00 bilhões de um mês antes.
Calculados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), os Índices Gerais de Preços (IGPs) são bastante afetados pelo desempenho do câmbio e pelos valores dos produtos de atacado, como as commodities.
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