Edifício-Sede do Banco Central em BrasíliaMarcello Casal Jr/Agência Brasil

A projeção dos analistas para a inflação de 2024 ficou estável, enquanto a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no ano manteve a tendência de alta, segundo dados divulgados nesta terça-feira, 2, pelo Relatório Focus do Banco Central. A pesquisa realizada com economistas é divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC).
A expectativa para a inflação deste ano ficou estável no relatório. A projeção de 2024 seguiu em 3,75%. Um mês antes, a mediana era de 3,76%. Para 2025, foco principal da política monetária, a projeção também permaneceu em 3,51%.

Considerando as 104 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2024 passou de 3,71% para 3,74%. Para 2025, a projeção passou de 3,53% para 3,54%, considerando 99 atualizações no período.

Para 2026, a projeção continuou em 3,50% pela 39ª semana consecutiva - seguindo a reancoragem apenas parcial destacada pelo BC após a manutenção da meta de inflação em 3,0% para este e os próximos anos. No horizonte mais longo, de 2027, a estimativa seguiu em 3,50%, como também está há 39 semanas.

As estimativas do Relatório de Mercado Focus continuam acima do centro da meta para a inflação, de 3,00%. O IPCA de 2023 ficou em 4,62%, abaixo do teto da meta (4,75%, para um centro de 3,25% no ano passado), evitando o estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022.

O Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou em março projeção de 3,5% para o IPCA de 2024, igual à das reuniões anteriores, de dezembro e janeiro. Para 2025, também seguiu em 3,2%.
PIB
O relatório elevou pela sétima semana consecutiva a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2024. A mediana para a alta da atividade deste ano passou de 1,85% para 1,89%, ante 1,77% de um mês atrás. Considerando apenas as 62 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2024 passou de 1,81% para 1,89%.

Para 2025, o documento trouxe manutenção na estimativa de crescimento do PIB em 2,00%, como já está há 16 semanas. Considerando as 55 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2025 também seguiu em 2,00%.

Em relação a 2026, a mediana continuou em 2,00% pela 34ª semana consecutiva. O Boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2027, que se mantém em 2,00% por 36 semanas.

A estimativa do Ministério da Fazenda para o crescimento do PIB de 2024 é de 2,2%. Já no Banco Central, a projeção atual é de avanço de 1,9% neste ano, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março.
Déficit primário em relação ao PIB
O relatório revisou para baixo a projeção de rombo fiscal de 2024. Para o déficit primário em relação ao PIB deste ano, a mediana passou de 0,75% para 0,70%, de 0,78% há um mês.

O relatório bimestral de despesas e receitas divulgado em março revisou o resultado primário para um déficit de R$ 9,3 bilhões (0,1% do PIB). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já avisou que o governo "dificilmente chegará à meta zero", até porque o chefe do Executivo "não quer fazer cortes em investimentos e obras".

Já a estimativa do Focus para o déficit nominal em 2024 passou de 6,80% do PIB para 6,90%, o mesmo nível de um mês atrás. O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após o gasto com juros e outras despesas financeiras.

A estimativa para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2024 passou de 63,94% para 63,85%, ante 63,74% de um mês atrás.

Para 2025, o déficit primário esperado pelo mercado seguiu em 0,60% do PIB, onde já estava há dez semanas. O novo arcabouço fiscal aprovado no ano passado prevê uma meta de superávit primário de 0,5% do PIB no próximo ano.

O déficit nominal projetado para 2025 permaneceu em 6,29% do PIB, ante 6,30% de um mês atrás. A estimativa para a dívida líquida no próximo ano continuou em 66,42% do PIB, ante 66,50% de quatro semanas antes.
Selic
Após sinalizar redução no ritmo de cortes dos juros, o mercado manteve em 9,00% ao ano a mediana do Relatório de Mercado Focus para a Selic no encerramento de 2024 pela 14ª semana consecutiva. Considerando apenas as 93 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2024 também seguiu em 9,00% ao ano.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) cortou a Selic pela sexta vez consecutiva em 0,50 ponto porcentual, para 10,75% ao ano em março. O colegiado mudou a sinalização e indicou que o ritmo de queda de 0,50 ponto continua sendo o mais apropriado para a próxima reunião - no singular, e não no plural.

No encontro de março, o Copom repetiu que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

No Relatório de Mercado Focus, a projeção para a Selic no fim de 2025 continuou em 8,50%, como já está há 17 semanas. Considerando apenas as 89 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2025 também seguiu em 8,50% ao ano.

Para 2026, a projeção seguiu em 8,50% pela 35ª semana consecutiva. Para 2027, a estimativa também seguiu em 8,50%, onde se mantém por 34 semanas.
Câmbio
O cenário esperado para o câmbio brasileiro ficou estável no Relatório de Mercado Focus desta semana. A estimativa para o câmbio no fim de 2024 permaneceu em R$ 4,95, ante R$ 4,93 de um mês antes. Para 2025, a mediana continuou em R$ 5,00 pela 12ª semana seguida.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o Banco Central espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.