Edifício-sede do Banco Central no Setor Bancário NorteMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Mercado vê novo corte de 0,25 ponto em junho
Reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) foi feita nesta quarta-feira, 10
Após o comunicado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na quarta-feira, o mercado destacou a discordância entre os membros do colegiado sobre o tamanho do corte na Selic, vista como uma sinalização de possível comportamento mais "dovish" (menor rigoroso com a inflação) por parte do Banco Central a partir de 2025, segundo economistas consultados pelo Projeções Broadcast.
Para o próximo encontro do Copom, em junho, a ampla maioria dos analistas do mercado (88,5%) projeta que deve haver mais um corte de 0,25 ponto no juro básico. Este é o cenário-base de casas como o Bank of America, XP Investimentos e Itaú Unibanco.
Na reunião de quarta-feira, votaram por uma redução de 0,25 ponto porcentual os membros mais antigos do Copom: o presidente do BC, Roberto Campos Neto, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes. Já os indicados pelo governo Lula votaram pela redução de 0,50 ponto: Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira.
Apesar da divisão, o economista-chefe do Banco BMG, Flávio Serrano, manteve a projeção de mais três cortes de 0,25 ponto porcentual na Selic, levando o juro básico para 9,75% no final do ciclo de afrouxamento, em setembro. Ele destaca, porém, que o cenário hoje está um pouco mais para uma taxa de 10%, e que pode fazer a mudança a depender do conteúdo da ata da reunião, a ser divulgada na terça-feira.
"É um cenário em que há elementos para maior conservadorismo", diz Serrano, que considera que houve uma inclinação mais "hawkish" (agressiva) por parte do Copom.
Sem mais cortes
Já o economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont, projeta que deve haver apenas mais um corte de 0,25 ponto na Selic em junho, com o juro básico encerrando o atual ciclo de afrouxamento em 10,25%. Porém, ele diz que a possibilidade de o comitê não fazer mais cortes no juro, e mantê-lo em 10,50% em junho, não pode ser desprezada.
Chermont atrela essa possibilidade aos desdobramentos da decisão dividida de quarta-feira. Para ele, os votos dos diretores mais recentes da autarquia sinalizam uma postura "dovish" para o BC a partir de 2025, o que pode se traduzir em desvalorização cambial e alta das projeções de inflação nos próximos boletins Focus. "Se isso se confirmar, na próxima reunião, as coisas podem estar piores e vai ser muito difícil votar por um novo corte."
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