Presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto Paulo Pinto/Agência Brasil
"Sempre há um desafio, porque você quer ser próximo ao governo, mas você quer preservar a sua independência", disse Campos Neto. "É uma linha muito tênue, porque às vezes você é próximo de forma a ir para as reuniões e falar com o governo, mas isso só é bom se você tiver independência para tomar uma decisão. E, às vezes, não será o que o governo quer."
Ele foi indagado, durante um webinar organizado pela Constellation Asset, sobre quais conselhos deixaria para o próximo presidente da autarquia. Sobre a independência, reiterou que é importante o BC poder dizer não ao governo, já que o ciclo político e o ciclo de política monetária são diferentes.
Campos Neto também defendeu que o próximo presidente do BC deve dar atenção à comunicação da autarquia. "Você precisa ter um processo em que você seja transparente, saiba o que está fazendo, as pessoas entendam o processo e você possa comunicar as coisas de forma a reduzir o ruído o máximo possível", disse.
O presidente do BC também afirmou que é necessário continuar investindo na agenda de tecnologia. Segundo Campos Neto, o que já foi feito até aqui foi apenas a "ponta do iceberg." "A tecnologia é uma forma mais barata de promover inclusão e melhorar o mercado financeiro", afirmou.
Ao destacar a agenda de tecnologia da autarquia, ele comentou: "Não vejo uma agenda como a que temos agora em nenhum outro país "
O banqueiro central salientou o desempenho do Pix e o classificou como o "sistema de pagamento de maior sucesso globalmente".
O presidente do Banco Central afirmou também que, em sua percepção, quanto mais tecnologia um país tiver hoje no índice de ações, melhor tende a ser seu desempenho.
Ele ponderou, no entanto, que essa não é a situação do Brasil. "Não temos muitas empresas de tecnologia em nosso índice", disse
Ainda sobre o assunto tecnologia, Campos Neto chamou a atenção para o aumento de carros chineses elétricos chegando ao Brasil. "Estão conquistando o mercado muito rápido", afirmou Campos Neto, que atrelou o movimento a uma mudança no foco do investimento chinês, do mercado imobiliário para a produção muito direcionada à eletrificação.
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